tag:blogger.com,1999:blog-67654674373967007342024-03-19T15:32:12.718-07:00Poemas e Textos de PensadoresEspero que gostem da Leitura!Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.comBlogger277125tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-90158418243538551582020-08-19T17:01:00.004-07:002020-08-19T17:01:39.012-07:00Profissão: HISTORIADOR/A<p>O dia 19 de agosto é o dia do Historiador/a, instituído em 2009, uma homenagem ao nascimento do Pernambucano Joaquim Nabuco, um abolicionista. Viveu nos tempos dos canaviais e usou de sua formação intelectual humanista para se opor a escravização negra. Este 19 de agosto é o dia para celebrar o Profissional responsável para lembrar os “esquecidos”, como a firmou Peter Buker: "A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer".</p><p> Gosto de dizer que o desafio maior posto para o profissional do campo da história é enfrentar a legião dos negacionistas dos fatos históricos. Este é o desafio. Uma vigilância diária para aquelas teorias “conspiratórias” que negam a existência dos campos de “concentração” nazista; Negam os “Gulag” Soviéticos, dos tempos do stalinismo; Dizem “ditadurabranda” sobre os crimes cometidos pela ditadura militar/civil no Brasil pós 1964; Chegam a negar a “engrenagem” de moer gente, criada pelos portugueses durante o Brasil colonial, período da escravidão negra... enfim, cabe aos historiadores / historiadoras lembrar dos acontecimentos silenciados em narrativas negacionaistas.</p><p> Nessa função é preciso termos alguns cuidados, o pântano que pisa o profissional da história é um campo minado. Neste sentido vale o alerta do Historiador Eric Hobsbawm: [...] eu costumava pensar que a profissão de historiador, ao contrário, digamos, do físico nuclear, não pudesse, pelo menos, produzir danos. Agora sei que pode. Nossos estudos podem se converter em fábricas de bombas, como os seminários nos quais o Ira aprendeu transformar fertilizante químico em explosivos [...] temos uma responsabilidade pelos fatos históricos em geral e pela crítica do abuso político-ideológico da história em particular. (HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 17/18.</p><p> É a partir deste pressuposto que se pauta o oficio do historiador/a, numa postura profissional com o compromisso social, claro não se deve pensar num ser distante do mundo, o novelo da história não é desenrolado por um ser extraterrestre, são seres humanos, neste sentido o perigo, digamos de contágios existem, mas devem serem fundamentados em evidencias documentais, as fontes são instrumentos imprescindíveis para lastrear de forma firme a narrativa histórica, dirimindo o máximo os jogos ideológicos simulacros de pesquisas históricas.</p><p> Mas enfim, qual o papel deve desempenhar este profissional de história em sua comunidade? Qual deve ser as ações do Historiador/a no tempo presente? Fico com a resposta do Historiador Israelense Yuval Noah Harari: [...] Como historiador, não posso dar às pessoas alimento ou roupas - mas posso tentar oferecer alguma clareza, ajudando assim a equilibrar o jogo global. Se isso capacitar ao menos mais um punhado de pessoas a participar do debate sobre o futuro de nossa espécie, terei realizado minha tarefa [...] ( HARARI, Yuval Noah. 21 LIÇÕES PARA O SÉCULO 21. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 11.)</p><p>Luciano Capistrano</p><p>Professor de História: Escola Estadual Myriam Coeli (Natal- RN)</p><p>Mestrando: Profhistória/UFRN</p><div><br /></div><p><br /></p>Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-24002940080082481012017-06-05T07:30:00.000-07:002017-06-05T07:30:14.930-07:00Direitos Humanos só defendem bandido - Será?<div id="app-root" style="box-sizing: inherit; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Oxygen, Ubuntu, Cantarell, "Open Sans", "Helvetica Neue", sans-serif; font-size: 14px;">
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<span data-reactid="4" style="box-sizing: inherit;"><div class="DocumentPage container amp" data-reactid="5" style="box-sizing: inherit; margin-bottom: 0px; margin-top: 8px; max-width: 100%; padding-left: 0px; padding-right: 0px; position: relative;">
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<article class="DocumentPage-content fos-bottomref document-content" data-reactid="66" style="box-sizing: inherit; font-size: 18px;"><div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: inherit; color: rgba(0, 0, 0, 0.87); font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: 0.1px; line-height: 1.6; margin-bottom: 32px; word-wrap: break-word;">
Quero, já de início, deixar claro que não tenho pretensão nenhuma de falar de política com este texto. Não quero valorar polos, e muito menos diminuir as visões de mundo que cada pessoa possui.</div>
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Escrevo isto da maneira mais pacífica que consigo, com a intenção apenas de fazer você, ser pensante, refletir. Refletir é bom. Mesmo quando temos extrema convicção de algo, a reflexão é uma faculdade maravilhosa que ninguém pode tirar de nós, então, porque não usar sempre que possível?</div>
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O meu foco aqui é falar sobre a ideia de que direitos humanos servem apenas para proteger bandidos.</div>
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Esse pensamento virou tão popular, que tenho a impressão de que muita gente adotou isto como opinião sem ao menos entender o que exatamente está incorporando no seu próprio âmbito de “pensamentos”.</div>
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Vejo filósofos, políticos, médicos e até mesmo juristas gritando pelo “fim dos Direitos Humanos” sob pretexto de que são defesas apenas para “criminosos”, mas será que isso é verdade? Será que alguém no mundo, realmente quer passar a mão na cabeça de assassinos, ladrões e estelionatários?</div>
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Primeiramente, vamos deixar claro que Direitos Humanos não é uma organização, não é um grupo e não é uma pessoa. É um conjunto de normas, e pode ser considerado sinônimo de Direitos Fundamentais. Assim, não existem "membros dos Direitos Humanos", uma vez que todos nós somos contemplados por suas normas. Ainda, se uma organização usa dos Direitos Humanos para praticar ato ilícito, claramente o objetivo desta organização não é a promoção dos Direitos.</div>
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Dito isto, se a pessoa se der ao trabalho de pesquisar, ao invés de simplesmente engolir uma frase de impacto que ouviu, ela descobrirá que graças aos Direitos Humanos é que nós conseguimos buscar igualdade.</div>
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Graças a eles é que não podemos mais classificar as pessoas por raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política, classe social, nascimento ou qualquer outra situação.</div>
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Você pode me rebater dizendo que isso é bom senso, e que se acabasse com “o pessoal dos Direitos Humanos”, iam continuar respeitando as pessoas, mas eu digo que não respeitam nem mesmo agora. Em tempos de intolerância e violência, o ser humano ia, sim, procurar formas de subjugar o outro, e de se impôr mais do que já o faz, sob todo aquele que pudesse.</div>
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Graças aos Direitos Humanos, também, é que não trabalhamos (ou não devíamos trabalhar) o dia todo, como escravos. Graças a eles é que temos as leis trabalhistas - as férias, a licença maternidade, horas extras e todas as coisas que foram implementadas para garantir a saúde e a dignidade do trabalhador.</div>
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Por conta dos Direitos Humanos é que não podemos, de forma alguma, atentar contra a vida alheia e sair matando como bem entendemos. Que não podemos sair agredindo. Que não podemos ser colocados contra a parede e nem sermos torturados pela polícia ou qualquer outra pessoa.</div>
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Sabe aquele sentimento que você tem de que ninguém pode te humilhar? De que se alguém te humilhar você mete um belo de um processo? Pois é, adivinha por que que ele existe…</div>
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Até mesmo aquela sua “certeza” de que está seguro, e de que não será preso sem ter cometido crime também é trabalho dos Direitos Humanos, que diz que temos direito a liberdade e que não podemos ser presos arbitrariamente (apesar de isto, assim como todas as outras coisas, não serem sempre respeitados).</div>
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É graças a este “ramo” do Direito que temos direito à vida, à saúde, a não sermos maltratados, a termos opinião (inclusive, a opinião de que este texto está equivocado) entre vários outros.</div>
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Tudo isso é conquista dos Direitos Humanos, e não surgiu desde os primórdios da humanidade, como muita gente pensa.</div>
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Por que será, então, que ele é tão ligado a ideia de “prisão”?</div>
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O que acontece é que essas coisas elencadas não servem só para você, ser humano que está lendo isto de um computador ou celular, confortavelmente em uma casa.</div>
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Elas servem para TODOS os seres humanos, até porque, lembra o que eu falei no início do texto? Um dos princípios é o de que somos todos iguais, o que significa que o preso também tem direito de ter uma vida digna, mesmo que tenha algumas limitações - afinal, ele continua sendo um ser humano (o que muitas vezes, as pessoas deliberadamente esquecem).</div>
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A prisão cumpre o que deveria cumprir, que é a privação da liberdade. O povo, todavia, acredita que isso não é suficiente e aquele preso deveria ser tratado como um animal, através de uma espécie de “vingança estatal”. Para essas pessoas, o preso tem que sofrer o resto da eternidade por, digamos, ter roubado alguém. (não importa o crime, afinal, “se está preso, gente boa não é”.)</div>
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Meu pai é desembargador, e um dia me contou que uma colega Promotora disse uma coisa que impactou muito o seu pensamento, e que eu mesma levo para minha vida.</div>
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Segundo ela, as pessoas pensam que existe uma divisão entre “eles” e “nós”, como se “bandidos” fossem pessoas muito distantes da nossa realidade, seres de outro mundo, muito diferente da gente, já que somos “pessoas do bem”.</div>
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Isso, todavia, é uma grande ilusão, baseada puramente em confiança e valores morais.</div>
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Todos os dias, “cidadãos do bem” cometem crimes, mas continuam sendo “nós” apenas por não terem sido pegos, descobertos.</div>
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Além disto, muitos acreditam, ingenuamente, que não podem, jamais, serem incriminados por algo que não fizeram. Que isto só acontece em filmes. Que quem não deve, não teme, e que ele, por fazer parte de “nós”, é imune a qualquer coisa ruim. Bom seria se esta fosse nossa realidade.</div>
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Vejam bem, isto foi dito por uma Promotora. É, sabe... Aquela pessoa que trabalha defendendo a sociedade, mandando os criminosos para a prisão. Uma pessoa que vive esta realidade.</div>
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Você também pode querer me rebater afirmando que isto é muito lindo na teoria, mas que na prática, os Direitos Humanos defendem apenas aqueles encarcerados, deixando as pessoas livres esquecidas. Mas será que isso é realmente verdade, ou será que, por ser algo polêmico, é simplesmente o que a mídia documenta?</div>
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Ninguém leria um jornal dizendo “homem trabalha 40 horas semanais”, afinal, isto não é “notícia”.</div>
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E sim, a situação do Brasil infelizmente não é a que queremos. Temos racismo, preconceito, empresas que abusam de seus funcionários, mulheres sendo tratadas como inferiores, mas os DH continuam lutando para melhorar isso.</div>
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Será que é certo deixar que o Estado arbitre quem é “digno” e quem “não é”? Quem deve ser tratado como animal e quem não deve…?</div>
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A segurança jurídica se baseia em sabermos que todos são tratados da mesma maneira, de que somos todos iguais perante a lei.</div>
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Gritar pelo fim dos direitos humanos significa gritar pelo fim do direito à dignidade, a liberdade, a saúde, a privacidade e a inúmeras outras coisas que regem o dia a dia tranquilo de cada um de nós.</div>
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Selecionar quem é digno de ter direitos ou não, também é uma coisa extremamente perigosa - mesmo para quem se considera a pessoa mais correta do mundo.</div>
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Se você, todavia, mesmo len este texto, ainda acredita que as penas são muito leves e que o sistema criminal brasileiro está todo errado, e que devia tratar “eles” de outra maneira, talvez o ideal não fosse pedir o fim dos direitos humanos, mas sim a revisão do <a class="cite" href="http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40" rel="10649268" style="box-sizing: inherit; color: #0091ea; margin-bottom: 0px; text-decoration-line: none; word-wrap: break-word;" target="_top" title="Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940.">Código Penal</a> e de Processo Penal. Se mesmo assim, você quiser continuar pensando como sempre pensou, tudo bem - este é direito seu.</div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; box-sizing: inherit; color: rgba(0, 0, 0, 0.87); font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 20px; letter-spacing: 0.1px; line-height: 1.6; word-wrap: break-word;">
Obrigada</div>
</article><div class="DocumentPage-footer-tools" data-reactid="67" style="box-sizing: inherit; padding: 32px 0px;">
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<span class="AmpRecommendButton" data-reactid="70" style="box-sizing: inherit;"><a class="btn btn--flat btn--icon" data-reactid="71" href="https://juliaabagge.jusbrasil.com.br/noticias/418496796/direitos-humanos-so-defendem-bandido-sera?ref=amp" style="background-color: transparent; border-radius: 3px; border: none; box-shadow: none; box-sizing: inherit; color: grey; cursor: pointer; display: inline-block; height: 36px; line-height: 36px; outline: none; padding: 0px; text-align: center; text-decoration-line: none; text-transform: uppercase; transition: background-color 0.3s; width: 36px; word-wrap: break-word;" target="_top"><i class="icon icon-heart-outline" data-reactid="72" style="border-color: rgba(0, 0, 0, 0.12); box-sizing: inherit; color: #7cb342; display: inline; float: none; font-size: 24px; height: 24px; line-height: 36px; margin: 0px; vertical-align: middle; width: 24px;"></i></a><br /></span></div>
<div class="AmpDocumentFooterTools-right" data-reactid="74" style="box-sizing: inherit; float: right;">
<a class="AmpShareButton btn btn--icon btn--flat" data-reactid="75" href="http://www.facebook.com/sharer.php?u=http%3A%2F%2Fjuliaabagge.jusbrasil.com.br%2Fnoticias%2F418496796%2Fdireitos-humanos-so-defendem-bandido-sera%3Fref%3Damp" style="background-color: transparent; border-radius: 3px; border: none; box-shadow: none; box-sizing: inherit; color: grey; cursor: pointer; display: inline-block; height: 36px; line-height: 36px; margin-left: 16px; outline: none; padding: 0px; text-align: center; text-decoration-line: none; text-transform: uppercase; transition: background-color 0.3s; width: 36px; word-wrap: break-word;" target="_blank"><i class="icon icon-facebook" data-reactid="76" style="box-sizing: inherit; color: #3b5998; display: inline; float: none; font-size: 24px; height: 24px; line-height: 36px; margin: 0px; vertical-align: middle; width: 24px;"></i></a><a class="AmpShareButton btn btn--icon btn--flat" data-reactid="77" href="http://twitter.com/share?text=Direitos%20Humanos%20s%C3%B3%20defendem%20bandido%20-%20Ser%C3%A1%3F&via=Jusbrasil&url=http%3A%2F%2Fjuliaabagge.jusbrasil.com.br%2Fnoticias%2F418496796%2Fdireitos-humanos-so-defendem-bandido-sera%3Fref%3Damp" style="background-color: transparent; border-radius: 3px; border: none; box-shadow: none; box-sizing: inherit; color: grey; cursor: pointer; display: inline-block; height: 36px; line-height: 36px; margin-left: 16px; outline: none; padding: 0px; text-align: center; text-decoration-line: none; text-transform: uppercase; transition: background-color 0.3s; width: 36px; word-wrap: break-word;" target="_blank"><i class="icon icon-twitter" data-reactid="78" style="box-sizing: inherit; color: #55acee; display: inline; float: none; font-size: 24px; height: 24px; line-height: 36px; margin: 0px; vertical-align: middle; width: 24px;"></i></a><a class="AmpShareButton btn btn--icon btn--flat" data-reactid="79" href="http://www.linkedin.com/shareArticle?mini=true&url=http%3A%2F%2Fjuliaabagge.jusbrasil.com.br%2Fnoticias%2F418496796%2Fdireitos-humanos-so-defendem-bandido-sera%3Fref%3Damp" style="background-color: transparent; border-radius: 3px; border: none; box-shadow: none; box-sizing: inherit; color: grey; cursor: pointer; display: inline-block; height: 36px; line-height: 36px; margin-left: 16px; outline: none; padding: 0px; text-align: center; text-decoration-line: none; text-transform: uppercase; transition: background-color 0.3s; width: 36px; word-wrap: break-word;" target="_blank"><i class="icon icon-linkedin" data-reactid="80" style="box-sizing: inherit; color: #007bb5; display: inline; float: none; font-size: 24px; height: 24px; line-height: 36px; margin: 0px; vertical-align: middle; width: 24px;"></i></a><a class="AmpShareButton btn btn--icon btn--flat" data-reactid="81" href="whatsapp://send?text=http%3A%2F%2Fjuliaabagge.jusbrasil.com.br%2Fnoticias%2F418496796%2Fdireitos-humanos-so-defendem-bandido-sera%3Fref%3Damp" style="background-color: transparent; border-radius: 3px; border: none; box-shadow: none; box-sizing: inherit; color: grey; cursor: pointer; display: inline-block; height: 36px; line-height: 36px; margin-left: 16px; outline: none; padding: 0px; text-align: center; text-decoration-line: none; text-transform: uppercase; transition: background-color 0.3s; width: 36px; word-wrap: break-word;" target="_blank"><i class="icon icon-whatsapp" data-reactid="82" style="box-sizing: inherit; color: #4dc247; display: inline; float: none; font-size: 24px; height: 24px; line-height: 36px; margin: 0px; vertical-align: middle; width: 24px;"></i></a><a class="AmpShareButton btn btn--icon btn--flat" data-reactid="83" href="mailto:?Subject=Direitos%20Humanos%20s%C3%B3%20defendem%20bandido%20-%20Ser%C3%A1%3F&Body=http%3A%2F%2Fjuliaabagge.jusbrasil.com.br%2Fnoticias%2F418496796%2Fdireitos-humanos-so-defendem-bandido-sera%3Fref%3Damp" style="background-color: transparent; border-radius: 3px; border: none; box-shadow: none; box-sizing: inherit; color: grey; cursor: pointer; display: inline-block; height: 36px; line-height: 36px; margin-left: 16px; outline: none; padding: 0px; text-align: center; text-decoration-line: none; text-transform: uppercase; transition: background-color 0.3s; width: 36px; word-wrap: break-word;" target="_blank"><i class="icon icon-email" data-reactid="84" style="box-sizing: inherit; color: rgba(0, 0, 0, 0.54); display: inline; float: none; font-size: 24px; height: 24px; line-height: 36px; margin: 0px; vertical-align: middle; width: 24px;"></i></a></div>
</span></div>
</div>
<div class="DocumentFooter" data-reactid="85" style="background-color: #f3f3f3; box-sizing: inherit;">
<div class="DocumentFooter-content" data-reactid="86" style="box-sizing: inherit; margin: 0px auto; max-width: 700px; padding: 32px 16px 24px;">
<div class="ProfileInfo-wrapper" data-reactid="87" style="box-sizing: inherit; margin: 8px 0px;">
<div class="ProfileInfo" data-reactid="88" style="align-items: center; box-sizing: inherit; display: flex; height: 48px; justify-content: center; width: 328px;">
<div class="ProfileInfo-image" data-reactid="89" style="box-sizing: inherit; flex: 0 0 auto;">
<a class="ProfileInfo-image-content" data-profile-tooltip="4193577" data-reactid="90" href="https://juliaabagge.jusbrasil.com.br/" style="box-sizing: inherit; color: #0091ea; text-decoration-line: none; word-wrap: break-word;" target="_top"><span class="Image" data-reactid="91" style="box-sizing: inherit;"><span class="avatar avatar--lg avatar--circle" data-reactid="92" style="box-sizing: inherit;"><amp-img class="i-amphtml-element i-amphtml-layout-fixed i-amphtml-layout-size-defined i-amphtml-layout" data-reactid="93" height="48" src="https://www-jusbrasil-com-br.cdn.ampproject.org/i/s/www.jusbrasil.com.br/thumbs/48x48/s3.amazonaws.com/jusbrasil-uploads/profiles/4193577/images/1451876843_standard.jpg" srcset="https://www-jusbrasil-com-br.cdn.ampproject.org/ii/w56/s/www.jusbrasil.com.br/thumbs/48x48/s3.amazonaws.com/jusbrasil-uploads/profiles/4193577/images/1451876843_standard.jpg 56w, https://www-jusbrasil-com-br.cdn.ampproject.org/ii/w100/s/www.jusbrasil.com.br/thumbs/48x48/s3.amazonaws.com/jusbrasil-uploads/profiles/4193577/images/1451876843_standard.jpg 100w, https://www-jusbrasil-com-br.cdn.ampproject.org/ii/w150/s/www.jusbrasil.com.br/thumbs/48x48/s3.amazonaws.com/jusbrasil-uploads/profiles/4193577/images/1451876843_standard.jpg 150w" style="border: 0px; box-sizing: inherit; display: inline-block; height: 48px; overflow: hidden !important; position: relative; vertical-align: middle; width: 48px;" width="48"><img class="i-amphtml-fill-content i-amphtml-replaced-content" src="https://www-jusbrasil-com-br.cdn.ampproject.org/ii/w100/s/www.jusbrasil.com.br/thumbs/48x48/s3.amazonaws.com/jusbrasil-uploads/profiles/4193577/images/1451876843_standard.jpg" style="border-radius: 50%; border: none !important; bottom: 0px; box-sizing: inherit; display: block; height: 1px; left: 0px; margin: auto; min-height: 100%; min-width: 100%; padding: 0px !important; position: absolute; right: 0px; top: 0px; vertical-align: middle; width: 1px;" /></amp-img></span></span></a></div>
<div class="ProfileInfo-info" data-reactid="94" style="box-sizing: inherit; flex: 1 1 auto; min-width: 0px; padding-left: 8px;">
<span class="ProfileInfo-info-title" data-reactid="95" style="box-sizing: inherit; clear: both; color: rgba(0, 0, 0, 0.87); display: inline-block; float: left; font-size: 16px; font-weight: 600; max-width: 100%; overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; white-space: nowrap; width: 272px; word-wrap: normal;"><div class="ProfileInfo-title" data-reactid="96" style="box-sizing: inherit; line-height: normal;">
<a class="ProfileInfo-title-text" data-profile-tooltip="4193577" data-reactid="97" href="https://juliaabagge.jusbrasil.com.br/" style="box-sizing: inherit; color: rgba(0, 0, 0, 0.87); display: inline-block; max-width: calc(100% - 48px); overflow: hidden; text-decoration-line: none; text-overflow: ellipsis; vertical-align: top; word-wrap: normal;" target="_top">Júlia Abagge de Macedo França</a></div>
</span></div>
</div>
</div>
<div class="DocumentFooter-bio" data-reactid="98" style="box-sizing: inherit; color: rgba(0, 0, 0, 0.54); line-height: 1.5; padding-bottom: 20px; padding-top: 16px;">
Advogada originária de Curitiba, formada no Rio Grande do Sul e vivendo na Bahia.</div>
<div class="DocumentFooter-bottom row" data-reactid="99" style="border-top: 1px solid rgba(0, 0, 0, 0.12); box-sizing: inherit; height: 48px; margin: 0px -0.9375rem; padding-top: 8px;">
<span class="col-md-2 col-xs-4" data-reactid="100" style="box-sizing: inherit; float: left; min-height: 1px; padding-left: 0.9375rem; padding-right: 0.9375rem; position: relative; width: 118.078px;"><span class="VerticalCounter" data-reactid="101" style="box-sizing: inherit; display: table-cell; height: 36px; text-align: center; vertical-align: middle;"><div class="VerticalCounter-value" data-reactid="102" style="box-sizing: inherit; color: rgba(0, 0, 0, 0.87); font-size: 16px; font-weight: 600;">
<span data-reactid="103" style="box-sizing: inherit;">5</span></div>
<div class="VerticalCounter-label" data-reactid="105" style="box-sizing: inherit; color: rgba(0, 0, 0, 0.54); font-size: 12px; margin-top: 2px; text-transform: uppercase;">
<a class="VerticalCounter-link" data-reactid="106" href="https://juliaabagge.jusbrasil.com.br/publicacoes" style="box-sizing: inherit; color: rgba(0, 0, 0, 0.54); text-decoration-line: none; word-wrap: break-word;" target="_top">PUBLICAÇÕES</a></div>
</span></span><span class="col-md-2 col-xs-4" data-reactid="108" style="box-sizing: inherit; float: left; min-height: 1px; padding-left: 0.9375rem; padding-right: 0.9375rem; position: relative; width: 118.078px;"><span class="VerticalCounter" data-reactid="109" style="box-sizing: inherit; display: table-cell; height: 36px; text-align: center; vertical-align: middle;"><div class="VerticalCounter-value" data-reactid="110" style="box-sizing: inherit; color: rgba(0, 0, 0, 0.87); font-size: 16px; font-weight: 600;">
<span data-reactid="111" style="box-sizing: inherit;">32</span></div>
<div class="VerticalCounter-label" data-reactid="113" style="box-sizing: inherit; color: rgba(0, 0, 0, 0.54); font-size: 12px; margin-top: 2px; text-transform: uppercase;">
<a class="VerticalCounter-link" data-reactid="114" href="https://juliaabagge.jusbrasil.com.br/seguidores" style="box-sizing: inherit; color: rgba(0, 0, 0, 0.54); text-decoration-line: none; word-wrap: break-word;" target="_top">SEGUIDORES</a></div>
</span></span><span class="col-md-8 col-xs-4 text-right " data-reactid="116" style="box-sizing: inherit; float: left; min-height: 1px; padding-left: 0.9375rem; padding-right: 0px; position: relative; width: 118.078px;"><span data-reactid="117" style="box-sizing: inherit;"></span></span></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</span><div class="amp-view-comments-wrapper" data-reactid="126" style="box-sizing: inherit; padding: 16px 16px 80px;">
<a class="AmpViewCommentsButton btn" data-reactid="127" href="https://juliaabagge.jusbrasil.com.br/noticias/418496796/direitos-humanos-so-defendem-bandido-sera?ref=amp#comments" style="border-radius: 3px; border: 1px solid gray; box-shadow: none; box-sizing: inherit; color: grey; cursor: pointer; display: inline-block; height: 36px; line-height: 36px; outline: none; padding: 0px 12px; text-align: center; text-decoration-line: none; text-transform: uppercase; transition: background-color 0.3s; width: 328px;" target="_top">VER <span data-reactid="129" style="box-sizing: inherit;">101</span> <span data-reactid="131" style="box-sizing: inherit;">COMENTÁRIOS</span></a></div>
<div class="document-footer-ads" data-reactid="132" style="box-sizing: inherit; text-align: center;">
</div>
<div class="portal-container" data-reactid="141" style="box-sizing: inherit;">
</div>
</div>
</div>
<div class="amp-chatlike" i-amphtml-fixedid="F0" style="background-color: #0091ea; bottom: 0px; box-sizing: inherit; color: white; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Oxygen, Ubuntu, Cantarell, "Open Sans", "Helvetica Neue", sans-serif; font-size: 16px; height: 56px; line-height: 48px; padding: 4px 16px; position: fixed; width: 360px;">
<a class="amp-chatlike-link" href="http://www.jusbrasil.com.br/advogados-online/falar-agora?comp=chat-amp" style="box-sizing: inherit; color: white; display: block; height: 48px; text-decoration-line: none; width: 328px;" target="_top"><i class="amp-chatlike-icon icon icon-account" style="box-sizing: inherit; display: inline-table; font-size: 24px; height: 24px; line-height: 24px; margin-right: 8px; vertical-align: middle; width: 24px;"></i> <span class="amp-chatlike-title" style="box-sizing: inherit;">Fale diretamente com adv</span></a></div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-6966472367402555682016-12-12T16:43:00.001-08:002016-12-12T16:43:27.481-08:00EMPATIA "À BRASILEIRA"<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<i>Outra mãe chora a morte de seu filho. Dessa vez é a cantora <a aria-controls="js_1xw" aria-haspopup="true" class="profileLink" data-hovercard-prefer-more-content-show="1" data-hovercard="/ajax/hovercard/page.php?id=264118893772592" href="https://www.facebook.com/eutatiquebrabarraco/" id="js_1xx" role="null" style="color: #365899; cursor: pointer; font-family: inherit; text-decoration: none;">Tati Quebra Barraco</a>, que teve o filho Yuri, de 19 anos, executado por policia<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;">is militares na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.<br />Em todas as redes sociais da cantora o que se vê é ódio. Ódio contra uma mãe que chora e que acusa a PM de ter arrancado um pedaço de si.<br />Alguém consegue medir essa dor?<br />Há comentários responsabilizando a criação dada aos filhos por Tati, inúmeros dizendo que para ter sido morto ele deveria estar fazendo algo de errado e vários "defendendo" a PM, como se por acaso o que estivesse em questão nas postagens DE UMA MÃE QUE PERDEU SEU FILHO é se a instituição policial brasileira cumpre seu dever ou não.<br />Por que o Brasil que chora um acidente como o da Chapecoense não pode mostrar empatia à dor dessa mulher? Por que as pessoas, protegidas por seus computadores e tablets, fazem questão de ir até os perfis DELA para dizer que seu filho MERECEU morrer?<br />Não é preciso conhecer os inúmeros casos de abuso de autoridade e a maneira desumana como a "lei" é aplicada nas favelas para se solidarizar com a dor dessa mãe. Não existe pena de morte no Brasil e policial não é juiz e nem carrasco. Não é essa a questão.<br />Não só as pessoas exibem um prazer sádico, perverso, em assistir o sofrimento de quem elas acreditam que seja um bandido, mas também não demonstram nenhum pudor em dizer para uma mãe que ficam felizes com a morte do filho dela. Isso é obsceno. É tripudiar de quem já está estraçalhado.</span></i></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #666666; display: inline; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif;">
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<i>É assassinar de novo e de novo.</i></div>
</div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-73578996085943425262016-12-11T15:53:00.005-08:002016-12-11T15:55:15.537-08:00O HOMEM DA DÉCADA<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i>Vem cá, vocês acham mesmo que Temer não merecia o prêmio de homem do ano da elevadíssima Isto É? Meus, amigos, só pela </i></span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i>proeza de transformar o seu núcleo de propinas junto à Odebrecht no núcleo duro da República, sem ganhar um voto popular sequer e com apoio ou anuência das instituições e de grande parte sociedade, Temer já podia ser considerado o Homem do Biênio e o prêmio ainda não estaria à altura dos seus méritos. Se eu fosse ele, ainda agradeceria à mi<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">nha equipe, aos amigos Padilha, Jucá, Moreira Franco e, last but not least, Geddel, que me trouxeram até aqui. Sem mencionar o pato da Fiesp e outros patos envolvidos. Moro e Aécio assistiram à cerimônia com os olhos marejados.</span></i></span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i></i></span><br />
<div style="margin-bottom: 6px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i>Se, além disso, vocês considerarem:</i></span></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
(a) a proeza que é pegar o seu clubinho de troca de corrupção por apoio à Odebrecht e convencer milhões de otários de que deveria apostar neles para salvar o Brasil da corrupção;</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
(b) o feito que consistiu em convencer as instituições da política e do Estado, os príncipes da opinião política no jornalismo e a massa de palpiteiros políticos online de que a sua promoção a cavaleiro dourado da luta contra a corrupção tinha um tal senso de urgência e exceção que nem importava se a cadeira da presidência estava já ocupada por uma mandatária que havia acabado de ganhar uma eleição legítima - e sobre a qual, diga-se de passagem, não pesava qualquer acusação de corrupção;</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
(c) que o clubinho em questão, especializado em acomodar legislações aos interesses das empresas pagantes, uma vez empossado pelos otários de manifestação e pelo conluio de forças políticas, passou a legislar furiosa e apressadamente para remodelar o Estado brasileiro, sem que ninguém seriamente pergunte na esfera pública se não continuam sendo operadores de agendas ocultas e interesses inconfessáveis, como costumavam fazer quando eram apenas "o núcleo do PMDB" na folha de pagamentos de uma construtora.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Considerando-se tudo isto, pergunto: ainda têm dúvida se Temer merece ser o Homem do Ano? Merecia um Oscar de melhor ator, um Doutorado Honoris Causa da Faculdade de Direito da USP (entregue por Janaína, Miguel Reale e Bicudo), um Nobel da paz por ter protagonizado um golpe moderninho, sem um só coturno ou tanque nas ruas. O homem é um gênio.<br />
Wilson Gomes</div>
</i></span></div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-15806569618708574222016-11-19T12:51:00.001-08:002016-11-19T12:51:29.560-08:00A diferença entre travesti e transexual <div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px;">
<i>"Recebo a pergunta: qual a diferença entre travesti e transexual pelo menos uma vez por semana.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>A grosso modo e sem escrever um compêndio, pois há vários deles muito bem escritos, por exemplo o livro de Jorge Leite Junior: Nossos corpos também mudam: a invenção das categorias 'travesti' e 'transexual' no discurso científico":</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Segundo o consenso médico psiquiátrico e patologizante, transexualidade e travestilidade são transtornos mentais, de forma que tratam ambas por transexualismo e travestismo, com sufixo -ISMO para determinar patologia.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>A transexualidade está no DSM (Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais), que é a bíblia da psiquiatria, como disforia de gênero e no CID (Catálogo Internacional de Doenças) no código F-64.0 como transexualismo e a travestilidade no F64.1 como travestismo bivalente ou de duplo papel e F65.1 como travestismo fetichista.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Em linhas gerais, para a psiquiatria, a pessoa transexual seria alguém que reivindica pertencer ao sexo oposto (a psiquiatria só trabalha com o binarismo), um homem preso no corpo de uma mulher (no caso dos homens trans) e uma mulher presa no corpo de um homem (no caso das mulheres transexuais); e que possui necessidade de fazer cirurgias de feminilização no caso das mulheres transexuais e masculinização no caso dos homens trans, e também necessitariam de mudança dos seus genitais, odiando-o de morte.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Travestis seriam homens que gostam de usar roupas e acessórios femininos e que modificam cirurgicamente seus corpos, mas não de forma "permanente", por exemplo, rejeitam a mudança do genital, tendo prazer com esse.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>No caso do travestismo fetichista estaríamos falando de homens que sentem prazer usando roupas femininas, inclusive sexualmente falando, mas não sentem necessidade da alteração cirúrgica.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Agora esqueçamos a psiquiatria, vamos para os movimentos organizados: o movimento de travestis geralmente reivindica que se tratam de pessoas nascidas e designadas homens, com papel de gênero feminino, ou seja, externamente se sentem confortáveis apresentando-se como qualquer mulher, mas internamente, falando de identidade de gênero, não se reivindicam nem como homens e nem como mulheres, mas simplesmente travestis, que seria um terceiro gênero, um não gênero ou uma fuga ao binário de gênero. E geralmente também declaram não necessitarem de qualquer cirurgia genital.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Para além dos movimentos organizados, vamos encontrar travestis dizendo que na verdade são homens gays muito femininos e em nalguns casos, mulheres.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Travesti é uma identidade de gênero que ocorre principalmente no cone Sul, haja vista o que dizem os movimentos organizados de travestis no Brasil, na Argentina e no Uruguai; e uma identidade apenas feminina.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Ou seja, não existem OS travestis, para os movimentos organizados. Mas não raro encontraremos travestis não organizadas tratando-se no masculino.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Agora, as mulheres transexuais são pessoas que nasceram e foram designadas homens mas que se reivindicam e se reconhecem como mulheres, querem ser tratadas como qualquer mulher.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Os homens trans são pessoas que nasceram e foram designadas mulheres mas que se reivindicam e se reconhecem como homens, querem ser tratados como qualquer homem.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Nessa medida travesti seria um substantivo e transexual um adjetivo: as travestis e as mulheres transexuais.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Transexual adjetiva o termo homem ou mulher. Então não existe o transexual ou a transexual.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Em certa medida dentro dos movimentos organizados ao redor do mundo e para além desses movimentos, encontraremos mulheres transexuais e homens trans que não sentem necessidade de realizar todas as cirurgias dispostas no CID F64.0 ou pelo discurso psiquiátrico patologizante, que nalgumas vezes dizem se sentir confortáveis com o genital que possuem, não necessitando de uma cirurgia de transgenitalização.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Também existe um movimento internacional que busca a despatologização das identidades trans, para que a transexualidade e a travestilidade deixem de ser consideradas transtornos mentais, e passem a figurar como legítimas manifestações de gênero humanas.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-top: 6px;">
<i>A patologização dessas identidades incide em enorme estigma e discriminação contra travestis e transexuais, porém, e de qualquer forma, esse movimento luta pela despatologização mas mantendo ou acrescendo os cuidados médicos, hormonioterapêutico e cirúrgicos."</i></div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-top: 6px;">
<i>Daniela Andrade</i></div>
</div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-36209471325807983432016-09-15T17:34:00.002-07:002016-09-15T17:34:23.832-07:00Violência Contra Mulheres<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px;">
<i>Uma funcionária do Instituto Lula foi vítima de agressão de conteúdo misógino e sexual, na tarde desta terça (13), na porta de um restaurante perto do seu local do trabalho, no bairro do Ipiranga, em São Paulo.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Ao ouvir a conversa de colegas de trabalho que estavam com ela durante o almoço e perceberem que eles trabalhavam no instituto, seis homens se aproximaram e passaram a chamá-los de ladrões. Quando ela sacou um celular para registrar os xingamentos, um dos homens retirou o pênis da calça e disse que ela deveria fazer sexo oral nele. Depois de um momento, repetiu a cena.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Quando os presentes reclamaram, eles saíram rindo do local. Os homens - fotografados por outros clientes, ainda não foram identificados. Testemunhas presenciaram o ocorrido e um boletim de ocorrência foi lavrado em uma Delegacia de Polícia.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>O artigo 233 do Código Penal considera que "praticar ato obsceno em lugar público ou aberto ou exposto ao público" prevê de três meses a um ano de detenção mais multa. Mas o que aconteceu não foi apenas um ato obsceno ou uma ação tresloucada de um analfabeto político ou de um maníaco, mas uma agressão bem mais estrutural.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>A agressão sofrida pela trabalhadora se utilizou de misoginia e violência sexual para demonstrar ódio político e intolerância social. Pois não basta ignorar um enfrentamento de ideias através do diálogo limpo e, ao mesmo tempo, tripudiar e ofender um posicionamento político diferente do seu - o que já é um absurdo em um ambiente que se pretende uma democracia. Isso é feito de forma violenta, para que não se deixe dúvidas: uma mulher que não aceita o lugar de silêncio e os xingamentos que lhe são impostos deve ser calada com um pênis em sua boca.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>O ator Alexandre Frota, durante uma entrevista a um programa de TV, narrou um caso de violência sexual do qual foi protagonista contra uma mãe-de-santo e a plateia, em deleite, riu como se fosse uma piada. Acusado por organizações sociais de estupro e de apologia ao estupro, deu de ombros.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>O deputado federal Jair Bolsonaro, durante um debate com a também deputada federal Maria do Rosário, afirmou: "Jamais iria estuprar você, porque você não merece". Ao dizer que ela não merecia ser estuprada, deixando claro que há mulheres que merecem, sabia que seu discurso receberia o apoio de uma quantidade considerável de pessoas. Tornou-se réu no Supremo Tribunal Federal por afirmar isso a um jornal, mas parte de seus seguidores dizem que ele está sendo injustiçado e que a deputada realmente merece isso. Ele conta com uma considerável intenção de voto, principalmente entre as classes mais ricas segundo as recentes pesquisas de opinião.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Em outras palavras, uma sociedade na qual há espaço para defender e glorificar atos como os de Frota e Bolsonaro ou, ainda, como os que realizaram estupros coletivos no Rio de Janeiro ou no Piauí, não é uma sociedade doente. Pelo contrário, é uma sociedade em que parte de seus membros acreditam, dentro de suas perfeitas faculdades mentais, que homens devem mandar e mulheres (principalmente negras), obedecer.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>E se isso acontece junto a discursos que louvam e relativizam essa violência, podemos começar a nos questionar que tipo de povo somos nós. Pois não importa quais as ideias defendidas por alguém, à direita ou à esquerda, ou a qual partido político pertencem. Não há qualquer justificativa aceitável para o contraponto ser dado na forma de um abuso como esse.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>A cultura de estupro é um "privilégio" masculino, que vem sendo derrubado pelo feminismo ao longo do tempo, mas com dificuldade, porque encontra a resistência de homens pelo caminho.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Nós, homens, temos a responsabilidade de educarmos uns aos outros, desconstruindo nossa formação machista, explicando o que está errado, impondo limites ao comportamento dos outros quando esses foram violentos, denunciando se necessário for. O constrangimento público é uma arma poderosa e precisa ser usada insistentemente. As pessoas precisam entender que o seu discurso e suas atitudes violentas não cabem mais no ambiente em que estão.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Todos nós, homens, de esquerda, de direita, de centro, somos sim inimigos até que sejamos devidamente educados para o contrário. E, tendo em vista a formação que tivemos e a sociedade em que vivemos, que autoriza e chancela comportamentos inaceitáveis, é um longo caminho até que isso aconteça.<br />Leonardo Sakamoto</i></div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-22171900872155274562016-08-31T11:19:00.000-07:002016-08-31T11:19:11.531-07:00Lançamento do livro Os Antigos Carnavais da cidade do Natal-RN<i>Se você é do Rio Grande do Norte, e principalmente de Natal, não pode deixar de confirir o lançamento do Livro de Gutenberg Costa "O</i><i>s Antigos Carnavais da cidade do Natal"</i><br />
<i><br /></i>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKUsd2jkyPDBtVdm9D_XGFBRYUR6jCHfQRDNp5Bl2CXVtp1ESaW8K6tg3NRfKDRceAv58NXw1GinGUSp_XkvKWiw5Mo07T6zp2Prb5kkhTA2awFNSOkYxIolE57CmQMhFx9JfYlyjWNA/s1600/thumbnail_2+-+capa+Antigos+carnavais+2016_Design+Grafico_Marcelo+Sena.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKUsd2jkyPDBtVdm9D_XGFBRYUR6jCHfQRDNp5Bl2CXVtp1ESaW8K6tg3NRfKDRceAv58NXw1GinGUSp_XkvKWiw5Mo07T6zp2Prb5kkhTA2awFNSOkYxIolE57CmQMhFx9JfYlyjWNA/s320/thumbnail_2+-+capa+Antigos+carnavais+2016_Design+Grafico_Marcelo+Sena.jpg" width="233" /></a><br />
<i>Vem aí o livro que redescobriu os Antigos Carnavais da cidade do Natal!</i><br />
<i>No principio, era só o ‘mela – mela’ popular, foliões usando-se de tudo que dispunham para brincarem o então chamado ‘Entrudo’ – Cinza de carvão, goma, farinha, barro e muita água suja. Todo mundo que se atrevesse a passar perto da Igreja Matriz, no Centro Alto e redondezas da antiga Rua Grande, atual Praça André de Albuquerque, levava um banho. Estava então ‘batizado’. A brincadeira ocorria por três dias nos meses de fevereiro ou março. Os jornais ditos oposicionistas divulgavam essas primeiras manifestações populares carnavalescas, isso entre 1875 a 1900.</i><br />
<i>Depois, esses brincantes – foram se organizando e levando seus festejos para a alegre Rua da Palha, atual Rua Vigário Bartolomeu, ainda na Cidade Alta (1910/1920). Festeiros, boêmios, artistas e até políticos eram seus aguerridos frequentadores. Tempos mais tarde o carnaval vai ficando muito mais organizado e então desce para a larga e boemia Avenida Tavares de Lira, no bairro da ribeira (1923/ 1935). O carnaval supera crises e ultrapassa os apertos políticos e econômicos e chega de volta a Cidade Alta, na moderna Avenida Rio Branco e imediações do seu Grande Ponto (1936/1945). Dribla as violências policiais e até as severas censuras da ditadura Vargas...</i><br />
<i>Lendo-o, você vai conhecer tudo isso e muito mais! Até viver o que seus avós e bisavós viveram! Saber quem foram os nossos primeiros carnavalescos da cidade dos ‘Três Reis Magos’! Reis e Rainhas. Clubes e agremiações. Tudo cronologicamente entre 1875 e 1945 - final da Segunda Guerra Mundial. Fotos inéditas a partir dos anos 10... Os registros das festas paralelas oficiais e particulares. Os primeiros bailes festivos no velho Teatro Carlos Gomes... Tudo o que os antiguíssimos jornais registraram sobre as folias de rua. Ora seus cronistas reclamando ou elogiando os festejos momescos.</i><br />
<i>Este é o primeiro volume. Obra do inquieto pesquisador Gutenberg Costa, que pioneiramente nos trouxe cronologicamente</i><br />
<i>às historias da parte alegre e pouco conhecida da cidade, que por muitas décadas até fora chamada por alguns historiadores de cidade - “Pacata”...</i><br />
<i>A referida obra é apresentada pelo historiador e escritor Claudio Galvão e muito bem recomendada nas suas duas orelhas, pelos pesquisadores e escritores Anchieta Fernandes e Claudionor Barbalho. Todos três confrades do autor no Instituto Histórico e Geográfico do RN. São quase 300 páginas, ilustradas com fotografias antigas, de personagens e agremiações envolvidas. Não percam o privilégio de ter em suas mãos e olhos, um verdadeiro e exclusivo trabalho de pesquisa, que pioneiramente trata com minuciosamente os nossos antigos e bons carnavais! E se trata de uma séria obra, que faltava na história da cidade do mestre Câmara Cascudo um dos maiores citados com valiosas informações.</i><br />
<i>“Chegou atrasada, mas em boa hora!” - Diz, seu quixotesco autor e pesquisador, que a trazia guardada, por quase três décadas em seus arquivos/computador.</i><br />
<i>Publicado pela editora 8, com patrocínio cultural do (FIC) Fundo de Incentivo à Cultura, da Prefeitura de Natal e recursos do próprio autor. Este é apresentado pelo historiador e escritor Claudio Galvão, com comentários de suas orelhas, do também historiador e escritor Claudionor Barbalho e do pesquisador e escritor Anchieta Fernandes. Arte de capa e diagramação do designer visual Marcelo Sena.</i><br />
<i>Lançamento, dia 28 de Setembro de 2016.</i><br />
<i><br /></i>
<i>Local: Capitania das Artes (FUNCARTE) – Cidade Alta. Natal/RN</i><br />
<i><br /></i>
<i>Hora: 18:00 h. Com coquetel regional e surpresas aos presentes.</i><br />
<i><br /></i>
<i>Contatos com o autor: gutenbergcosta@bol.com.br</i><br />
<i>9 94273363 (oi) 9 98784493 (Tim).</i>Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-71147000324788822812016-05-27T12:17:00.004-07:002016-05-27T12:17:58.651-07:00Cultura do estupro no Brasil: Homem, de que lado você está?<div style="background-color: white; color: #1d2129; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Tão chocante quanto o estupro denunciado por uma jovem de 16 anos, que teria envolvido mais de 30 homens, no Rio de Janeiro, e tão chocante quanto os vídeos que mostram seus ferimentos e foram postados na internet, foi a reação de uma parcela da sociedade, que se divertiu nas redes sociais com eles e com a história. E a inação de uma outra parte, que culpou a própria vítima pelo ocorrido ou simplesmente caiu no autoengano de que essa história não nos diz respeito.</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">No mesmo dia em que o caso gerou indignação nas redes sociais, o novo ministro da Educação recebia o ator Alexandre Frota para discutir a educação (!!!) no Brasil. O mesmo Frota que, durante uma entrevista a um programa de TV, narrou um caso de violência sexual do qual foi protagonista contra uma mãe-de-santo, para deleite da plateia, que ria como se fosse uma piada. Acusado por organizações sociais de estupro e de apologia ao estupro, deu de ombros.</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Enquanto isso, o deputado federal Jair Bolsonaro sobe nas intenções de voto, principalmente entre as classes mais ricas. Tempos atrás, durante um debate com a também deputada federal Maria do Rosário, soltou uma das maiores ignomínias de sua carreira: "Jamais iria estuprar você, porque você não merece". Ao dizer que ela não merecia ser estuprada, deixando claro que há mulheres que merecem, sabia que seu discurso receberia o apoio de uma quantidade considerável de pessoas.</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Os 30 homens no Rio, Alexandre Frota, Jair Bolsonaro foram criticados e acusados por um grande número de pessoas, mas também defendidos e glorificados por outros tantos. Vivemos em uma sociedade que garante que o estupro continue a ser um instrumento violento de poder, de dominação, de humilhação. Uma sociedade na qual uma das maiores agressões ao corpo e à mente de outro ser humano é banalizada, menosprezada e tratada como piada. Uma sociedade em que mulheres ainda são consideradas objetos descartáveis à disposição dos homens.</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Quando mulheres são sistematicamente estupradas, não apenas seus corpos e almas são violentados. A dignidade de todas as mulheres é coletivamente agredida e negada. Porque falhamos profundamente como sociedade em garantir um dos direitos mais fundamentais. E se isso acontece junto a discursos que louvam ou relativizam esses estupros, podemos começar a nos questionar que tipo de povo somos nós.</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">O que une os diferentes no Brasil, afinal de contas, não é o futebol, a religião ou a comida. É a violência de gênero. A cultura de estupro é um "privilégio" masculino, que vem sendo derrubado pelo feminismo ao longo do tempo, mas com dificuldade, porque encontra a resistência de homens pelo caminho.</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Meninos e rapazes deveríamos nos conscientizar uns aos outros, desde cedo, para que não sejamos os monstrinhos formados em ambientes que fomentam o machismo, como família, igrejas, escolas e mídia.</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Todos nós, homens, de esquerda, de direita, de centro, somos sim inimigos até que sejamos devidamente educados para o contrário. E, tendo em vista a formação que tivemos e a sociedade em que vivemos, que autoriza e chancela comportamentos inaceitáveis, é um longo caminho até que isso aconteça.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;"><br />Leonardo Sakamoto</span></div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-44502872069358948482016-03-14T16:06:00.004-07:002016-03-14T16:06:56.292-07:00Tabacaria<ul><i>Não sou nada.<br />Nunca serei nada.<br />Não posso querer ser nada.<br />À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.</i><br />
<i>Janelas do meu quarto,<br />Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é<br />(E se soubessem quem é, o que saberiam?),<br />Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,<br />Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,<br />Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,<br />Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,<br />Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,<br />Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.</i><br />
<i>Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.<br />Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,<br />E não tivesse mais irmandade com as coisas<br />Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua<br />A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada<br />De dentro da minha cabeça,<br />E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.</i><br />
<i>Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.<br />Estou hoje dividido entre a lealdade que devo<br />À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,<br />E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.</i><br />
<i>Falhei em tudo.<br />Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.<br />A aprendizagem que me deram,<br />Desci dela pela janela das traseiras da casa.<br />Fui até ao campo com grandes propósitos.<br />Mas lá encontrei só ervas e árvores,<br />E quando havia gente era igual à outra.<br />Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?</i><br />
<i>Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?<br />Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!<br />E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!<br />Gênio? Neste momento<br />Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,<br />E a história não marcará, quem sabe?, nem um,<br />Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.<br />Não, não creio em mim.<br />Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!<br />Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?<br />Não, nem em mim...<br />Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo<br />Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?<br />Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -<br />Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,<br />E quem sabe se realizáveis,<br />Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?<br />O mundo é para quem nasce para o conquistar<br />E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.<br />Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.<br />Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,<br />Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.<br />Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,<br />Ainda que não more nela;<br />Serei sempre o que não nasceu para isso;<br />Serei sempre só o que tinha qualidades;<br />Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,<br />E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,<br />E ouviu a voz de Deus num poço tapado.<br />Crer em mim? Não, nem em nada.<br />Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente<br />O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,<br />E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.<br />Escravos cardíacos das estrelas,<br />Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;<br />Mas acordamos e ele é opaco,<br />Levantamo-nos e ele é alheio,<br />Saímos de casa e ele é a terra inteira,<br />Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.</i><br />
<i>(Come chocolates, pequena;<br />Come chocolates!<br />Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.<br />Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.<br />Come, pequena suja, come!<br />Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!<br />Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,<br />Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)</i><br />
<i>Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei<br />A caligrafia rápida destes versos,<br />Pórtico partido para o Impossível.<br />Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,<br />Nobre ao menos no gesto largo com que atiro<br />A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,<br />E fico em casa sem camisa.</i><br />
<i>(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,<br />Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,<br />Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,<br />Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,<br />Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,<br />Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,<br />Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -<br />Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!<br />Meu coração é um balde despejado.<br />Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco<br />A mim mesmo e não encontro nada.<br />Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.<br />Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,<br />Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,<br />Vejo os cães que também existem,<br />E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,<br />E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)</i><br />
<i>Vivi, estudei, amei e até cri,<br />E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.<br />Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,<br />E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses<br />(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);<br />Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo<br />E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente</i><br />
<i>Fiz de mim o que não soube<br />E o que podia fazer de mim não o fiz.<br />O dominó que vesti era errado.<br />Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.<br />Quando quis tirar a máscara,<br />Estava pegada à cara.<br />Quando a tirei e me vi ao espelho,<br />Já tinha envelhecido.<br />Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.<br />Deitei fora a máscara e dormi no vestiário<br />Como um cão tolerado pela gerência<br />Por ser inofensivo<br />E vou escrever esta história para provar que sou sublime.</i><br />
<i>Essência musical dos meus versos inúteis,<br />Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,<br />E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,<br />Calcando aos pés a consciência de estar existindo,<br />Como um tapete em que um bêbado tropeça<br />Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.</i><br />
<i>Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.<br />Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada<br />E com o desconforto da alma mal-entendendo.<br />Ele morrerá e eu morrerei.<br />Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.<br />A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.<br />Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,<br />E a língua em que foram escritos os versos.<br />Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.<br />Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente<br />Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,</i><br />
<i>Sempre uma coisa defronte da outra,<br />Sempre uma coisa tão inútil como a outra,<br />Sempre o impossível tão estúpido como o real,<br />Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,<br />Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.</i><br />
<i>Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)<br />E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.<br />Semiergo-me enérgico, convencido, humano,<br />E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.</i><br />
<i>Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los<br />E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.<br />Sigo o fumo como uma rota própria,<br />E gozo, num momento sensitivo e competente,<br />A libertação de todas as especulações<br />E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.</i><br />
<i>Depois deito-me para trás na cadeira<br />E continuo fumando.<br />Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.</i><br />
<i>(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira<br />Talvez fosse feliz.)<br />Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.<br />O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).<br />Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.<br />(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)<br />Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.<br />Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo<br />Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.</i><br />
<i><br />Alvaro Campos </i></ul>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-84331020892914203452016-01-22T14:55:00.001-08:002016-01-22T14:55:07.682-08:00A Lucidez Perigosa<blockquote dir="ltr" style="background-color: white; color: white; font-family: Arial; margin-right: 0px;">
<blockquote dir="ltr" style="margin-right: 0px;">
<span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;"><i>Estou sentindo uma clareza tão grande </i></span><br />
<i><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">que me anula como pessoa atual e comum: </span><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">é uma lucidez vazia, como explicar? </span><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">Assim como um cálculo matemático perfeito </span><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">do qual, no entanto, não se precise.</span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">vendo claramente o vazio. </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">E nem entendo aquilo que entendo: </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">pois estou infinitamente maior que eu mesma, </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">e não me alcanço.</span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">que faço dessa lucidez? </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">Sei também que esta minha lucidez </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">pode-se tornar o inferno humano </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">– já me aconteceu antes.</span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">– em termos de nossa diária </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">e permanente acomodação </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">resignada à irrealidade – </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">essa clareza de realidade </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">é um risco.</span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">porque ela não me serve para viver os dias. </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">Ajudai-me a de novo consistir </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">dos modos possíveis. </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">Eu consisto, </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">eu consisto, </span><br /><span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;">amém.</span></i><br />
<br />
<span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;"><i>Estou por assim dizer </i></span><br />
<span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;"><i>Além do que: </i></span><br />
<span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;"><i>Pois sei que </i></span></blockquote>
<blockquote dir="ltr" style="margin-right: 0px;">
<span style="color: black; font-family: Book Antiqua; font-size: medium;"><i>Apagai, pois, minha flama, Deus, ]</i></span></blockquote>
</blockquote>
Clarice Lispector Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-90708981721146917312016-01-22T14:52:00.001-08:002016-01-22T14:52:16.745-08:00Nossa Truculência<span style="background-color: white; font-size: 13px; line-height: 17px; white-space: pre-line;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>"Quando penso na alegria voraz com que comemos galinha ao molho pardo, dou-me conta de nossa truculência. Eu, que seria incapaz de matar uma galinha, tanto gosto delas vivas mexendo o pescoço feio e procurando minhocas. Deveríamos não comê-las e ao seu sangue? Nunca. Nós somos canibais, é preciso não esquecer. E respeitar a violência que temos. E, quem sabe, não comêssemos a galinha ao molho pardo, comeríamos gente com seu sangue. Minha falta de coragem de matar uma galinha e no entanto comê-la morta me confunde, espanta-me, mas aceito. A nossa vida é truculenta: nasce-se com sangue e com sangue corta-se a união que é o cordão umbilical. E quantos morrem com sangue. É preciso acreditar no sangue como parte de nossa vida. A truculência. É amor também."</i></span></span><br />
<span style="background-color: white; font-size: 13px; line-height: 17px; white-space: pre-line;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><br /></i></span></span>
<span style="background-color: white; font-size: 13px; line-height: 17px; white-space: pre-line;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Clarice Lispector </i></span></span>Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-85515997160835379712016-01-04T11:46:00.001-08:002016-01-04T11:46:14.552-08:00Você pode ser<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>"Você pode ser a pessoa mais forte do mundo.</i></span></div>
<i><span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;">Você pode ser a pessoa que melhor sabe se virar sem ninguém, mais independente, mais cheia de experiência, mas você nunca, nunca será alguém que ninguém possa te ajudar a ser melhor.</span><span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;">Às vezes a gente cria uma casca de certeza e com isso nos blindamos do resto do mundo. Há quem faça isso pelo trauma de alguma decepção, há quem faça isso por medo de recomeçar e há quem faça simplesmente por pensar que não precisa de ninguém.</span><br /><span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;">Mas bem que você pode se ajudar para que isso aconteça.</span><br /><span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;">Mas você já viu com o coração o que é alguém interessante pra você?</span><br /><span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;">Talvez seja só alguém que já te provou o quanto pode te fazer bem.</span><br /><span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;">Talvez seja quem separa um minuto do próprio dia pra te dar um oi pelo chat.</span><br /><span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;">Talvez seja alguém que assiste um vídeo engraçado e te manda o link pra rir também.</span><br /><span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;">Seus olhos podem estar escondendo o que o seu coração precisa ver.</span><br /><span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;">É claro que você não precisa se obrigar a nada. Você não precisa sair com todo mundo só pra ver no que vai dar, só pra tentar ver se gosta. Mas se você conseguir identificar quem se esforça por você, bem que poderia valorizar um pouco mais.</span><br /><span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;">Deixa alguém provar que você é importante. Presta atenção em quem se preocupa e para de julgar como alguém que tenta te controlar, mas sim, como alguém que se coloca no seu lugar pra te ajudar. Deixa alguém se aproximar antes de você afastar. Vale repetir que você não tem a obrigação de aceitar, mas tem o valioso direito de tentar.</span></i><br />
<br />
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Uma coisa é depender de alguém, outra é precisar.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Você não deve pensar que a sua felicidade depende de outra. Não deve pensar que só vai conseguir ser feliz se tiver alguém pra te acompanhar. Você sempre será sua melhor companhia, você dorme e acorda com a cabeça no próprio travesseiro, você nasceu e vai morar num caixão sem ninguém. Você é o único representante das suas vontades nesse mundo. Mas você não é alguém que outro alguém não possa melhorar.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>E você não precisa se obrigar a aceitar que alguém entre na sua vida.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Se você parar pra pensar, vai lembrar de alguém que já tentou se aproximar de você, mas que instantaneamente você tratou de assustar. Você não deixa alguém te fazer bem. E daí que o mundo parece estar uma bosta com tanta gente mal caráter e de valores que não pareçam em nada com os seus? É neste mundo que está quem você precisa. E daí que já teve gente que passou pela sua vida deixando mais feridas do que sorrisos? Isso não te faz uma pessoa perdedora. Essas pessoas existem e sempre vão existir! Um dia foi com você, neste segundo em que lê isto é com outra pessoa em algum lugar deste mundo, talvez até mesmo na sua rua.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Talvez seja uma questão de você começar a olhar a vida com o coração.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Quando a gente só enxerga as coisas com olhos acabamos tendo uma única visão sobre o mesmo lado da vida, agora, quando a gente vê as coisas com o coração, conseguimos fazer o cálculo entre tudo que nos faz bem, o que nos faz mal, tudo o que queremos e tudo o que estamos fazendo por merecer.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Você tem razão, as pessoas não tem se esforçado em ser interessantes mesmo.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Talvez não seja uma homem de novela pra você postar fotos juntos e ver as amigas elogiando de lindos e casal perfeito. Talvez não seja uma garota de capa de revista pra você se orgulhar em andar de mãos dadas no shopping.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Talvez seja alguém como você nunca imaginou.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Eu preciso de alguém que me faça bem. Você precisa de alguém que te faça bem. Todos nós precisamos de alguém que nos faça bem. Isso não é exclusividade pra ricos ou para as pessoas indubitavelmente lindas, isso é uma importância para qualquer ser humano deste planeta.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Vai ver você não mereça o jeito com que tem lidado com a própria vida. Vai saber, talvez aquele próximo beijo sem-nome que vai dar numa noite qualquer nem precisa de fato acontecer. Talvez você só precise responder “quando?” quando alguém te chamar pra sair, quando esse alguém que te veio à cabeça te chamar pra sair. Vai saber, não tem como garantir, mas talvez você esteja curtindo as fotos de quem não curte você, enquanto tem alguém que curtiria pelo menos conversar mais com você e saber como foi o seu dia.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Tenta ver a sua vida com o coração.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>É naquela fração de segundo que você julga alguém como interessante pra você que está quem você deve respeitar: ele mesmo, novamente, o seu coração.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Deixa alguém tentar cuidar de você.</i></span></div>
<div style="background: white; color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 22.5px; margin-bottom: 1.35em; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #373737; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 20px;"><i>Você pode se considerar a pessoa mais independente desse mundo, mais cheia da porra toda, mas sempre será alguém que outro alguém pode te ajudar."</i></span></div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-66257071703959484222016-01-02T12:19:00.002-08:002016-01-02T12:19:45.378-08:00Me cansei de você se cansar<div style="background-color: white; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Merriweather, serif; font-size: 18px; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Um dia desses enquanto eu assistia ao pôr-do-sol, uma garota se aproximou e disse: “Por que você vem a essa janela todos os dias assistir o sol se pondo sempre do mesmo jeito?” Eu, sem saber o que responder, apenas tive certeza naquele instante de que havia algo de diferente na forma que meu coração processava certas sutilezas. E assim, eu cresci. Assim, o tempo se passou. Assim, eu assisti mais outros infinitos pores-do-sol sem conseguir enxergar um deles sequer como “sempre do mesmo jeito”. Assim, eu cresci sabendo que em um relacionamento os dias serão como o pôr-do-sol: similares, porém nunca os mesmos.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Merriweather, serif; font-size: 18px; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="line-height: 30.6px;">Mas no cotidiano amoroso atual, quem mais sabe disso? Quem mais consegue admirar o amor todos os dias sem a necessidade de um constante brilho novo? Quem mais consegue se contentar; saber esperar; e amar o que o dia te oferece? Existe um desespero pela necessidade de atualizações dentro do amor que acaba tornando-o inviável,</span><span style="line-height: 30.6px;"> </span><em style="border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: inherit; font-weight: inherit; line-height: 30.6px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">invivível</em><span style="line-height: 30.6px;">.</span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Merriweather, serif; font-size: 18px; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Assim, o argumento acaba se tornando sempre o mesmo: <strong style="border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: inherit; font-style: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">o cansaço</strong>. As pessoas se cansam dos beijos, dos abraços, das transas. As pessoas se cansam da estabilidade de andar de mãos dadas, de seguir em uma única direção. Se cansam de sonhar, de planejar, de conquistar — no momento certo — algo novo para a vida do casal. E por isso, o amor de verdade é trocado — em forma de uma moeda injusta — por uma vida fria, vivida com gente que pouco se importa, com companhias que não duram mais do que 5 minutos na boca, enchendo cada vez mais os copos, esvaziando cada vez mais o coração.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Merriweather, serif; font-size: 18px; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O fato é que não somos de ferro e iremos sim nos cansar. Nos cansamos do trabalho, dos estudos, da rotina em si, por que não nos cansaríamos do amor? Porém, todas as coisas que fazem um pôr-do-sol nunca ser igual ao outro, deveriam também ser as mesmas que mantivessem as mãos dadas pelo caminho da vida a dois. Se o coração não souber se contentar<strong style="border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: inherit; font-style: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">* </strong>com o mesmo sorriso largo no rosto, com o mesmo abraço que protege corpo, com a mesma transa que agrada a carne dia após dia, o amor perde o propósito de existir, dando lugar a similares estações de ônibus, que se desembarca a fim de saciar vontades em um curto período de estadia.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Merriweather, serif; font-size: 18px; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Mas eu continuarei aqui, sabendo apreciar o céu, o sol, e tudo o que nunca será igual, mesmo que parecido. Permanecerei doce, mesmo com tanto amor amargo de quem me confundiu com uma dessas estações e se assustou quando descobriu que, na verdade, eu era casa afim de transformá-la em lar.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Merriweather, serif; font-size: 18px; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Texto do Pedro H. Lopes </div>
<div style="background-color: white; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #444444; font-family: Merriweather, serif; font-size: 18px; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-37795543344723901152015-12-11T15:19:00.003-08:002015-12-11T15:19:23.779-08:00Tudo Puta! <br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">"Já começam desde pequenas, na escola mesmo... Ao invés de irem estudar, iam fazer o quê? Beijar na boca atrás da escola, matar aula para ir pra casa dos amiguinhos... O que elas são? Putas! Mas não você, Juliana. Você não ficava se esfregando com meninos, se dava ao respeito. Só namorou de forma decente, na presença de adultos, como se deve. Quando vcê não quis transar com ele, o príncipe terminou, furioso, e contou pra todo mundo as baixarias que "fazia" com você. O quê você é, Juliana? Puta, claro! Seu nome tá pixado no muro das ruas... Que vergonha! Mariana, ainda bem que você não é burra como ela, de perder tempo com canalha. Você soube escolher, né? Namorou seu melhor amigo, perdeu a virgindade com ele, tudo muito lindo e romântico. Até que engravidou com 15 anos. O que você é Mariana? Uma puta burra. O problema dessas meninas é que não se dão ao respeito. Não são como você, Carol, que é da turma, da galera, anda de skate com os brothers, ouve rock, ri dessas "minas" idiotas que eles pegam. Ah Carol, mas andar no meio de um monte de homem é coisa do quê? De puta ou lésbica. Só você que não sabia? Tá todo mundo falando! Ainda bem que você, Aline, não tem tempo pra essas coisas. Nunca vi menina boa assim... Só estuda, só tem amiga menina, frequenta a igreja, vai casar virgem, com o primeiro namorado, só depois de formada. Se depois de casada, como o Senhor ordenou, vocês quiserem tirar fotos pra apimentar a relação, tudo bem, né? Dentro dos laços sagrados de confiança do casamento é diferente, não é como essas piranhas que saem se expondo em público! O moço da assistência técnica achou as fotos e publicou na internet... Já sabe o que você é né, Aline? Uma puta! Uma piranha que envergonhou a família, ainda por cima. Os amigos do teu pai estão batendo punheta nesse momento com a tua foto, Aline. Você é uma puta! Que vergonha! Nunca imaginei... Antes fosse um muro pichado na adolescência, Aline! Você não cai nessa né, Fernanda? Imagina, tirar foto pelada ou fazer vídeo... Hahaha Tá pedindo, né? Você é mãe de família, nem pensa nessas baixarias. Vive para os filhos e o marido! Nem precisa trabalhar... Soube escolher um homem bom. Até que, depois de 12 anos, o casamento desaba porque você deixou de ser interessante. Simplesmente seu marido se apaixonou por outra mais bonita, independente e que usa batom vermelho (coisa que ele sempre reclamou que você usasse). O motivo do término? Não importa! Divorciada e mãe solteira é o que, Fernanda? Puta, óbvio! Para os outros, você deve ter feito algo muito ruim para um homem desses não te querer mais! As amigas não vão querer você perto dos maridos delas, né? Com razão! Se vocês, Juliana, Mariana, Carol, Aline e Fernanda, ao menos se espelhassem na dona Maria... Uma viúva, 63 anos de pura dedicação para a família e para o trabalho, que hoje agradece à Deus a morte do marido, pois vivia sendo espancada... Nunca soube o que era prazer, na vida! Acorda às 5 da manhã, todos os dias, pra trabalhar pra sustentar filhos e netos e nem tempo pra vaidade tem! Mas dona Maria sabe... A beleza da mulher é a sua virtude, né? Mas, voltando do trabalho, tarde da noite e exausta, dona Maria foi estuprada... Se vocês, Juliana, Mariana, Carol, Aline e Fernanda, se espelhassem na dona Maria... Ainda sim seriam putas! Será mesmo que dona Maria estava vindo do serviço, às 4h da madrugada? Mulher que anda essa hora na rua e com esse tipo de jeans é o que? Puta! Tem que se orientar! Devia estar se oferecendo pro estuprador! E você, que está lendo? É, já foi ou ainda vai ser? Não se espante quando te chamarem de puta! Todas somos, fomos ou seremos... Infelizmente, essa é a sociedade de merda em que vivemos. Por isso, faça o que te der vontade, na hora que te der vontade; pois fazendo ou não, na boca dos hipócritas você é, já foi, ou será uma puta!"</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;" /><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Juliana Wallauer</span>Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-80206895111191236842015-10-02T16:06:00.003-07:002015-10-02T16:06:45.687-07:00O que significa a sigla LGBTT entre outros temas<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">1)
O que significa cada letra da sigla LGBTT?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – essa sigla não deve ser usada,
conforme convenção da ABGLT por ser excludente com as demais identidades
trans*, em seu lugar é preferível usar LGBT (com um T apenas). Esse T significa
transgêneros, e transgênero é um grande grupo dentro do qual há várias
identidades.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O
termo atual oficialmente usado para a diversidade no Brasil é LGBT (lésbicas,
gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros). A alteração do termo
GLBT em favor de LGBT foi aprovada na 1ª Conferência Nacional GLBT realizada em
Brasília no período de 5 e 8 de junho de 2008. A mudança de nomenclatura foi
realizada a fim de valorizar as lésbicas no contexto da diversidade sexual e
também de aproximar o termo brasileiro com o termo predominante em várias
outras culturas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">2)
Como explicar para as pessoas o que é um Transgênero?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Transgêneras
são todas as pessoas que possuem identidade e/ou papel e/ou expressão de gênero
divergente do que lhes é imposto pelas regras cissexistas que definem que
alguém que nasceu com tal genital é homem ou mulher, impondo como devem
aparentar e se comportar. Assim, transgênero é um grande grupo de identidades,
abarcando em seu universo travestis, transexuais, crossdresser, drag queen,
drag king, andrógino, dois espíritos, agênero, sem gênero, dois gêneros,
genderfucker, gênero fluído (…)<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">A
palavra “trans” costuma ser usada como abreviação da palavra transexual ou como
sinônimo de “trans*”.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Trans*”
visa incluir no grupo todas as pessoas com identidades dentro e fora do binário
de gêneros (homem/mulher) com papel/expressão/identidade de gênero em não
conformidade com o genital, de acordo com as regras cissexistas impostas que
dizem o que é como se parece e como se comportam os únicos dois gêneros
legitimados dentro da sociedade.<br />
Exemplos de pessoas trans*: transexual, travesti, crossdresser, drag queen,
drag king, andrógino, dois espíritos, agênero, sem gênero, dois gêneros,
genderfucker, gênero fluído (…)<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">3)
Qual a diferença entre Travesti e Transexual<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Ambas
são Transexuais: Uma mulher transexual/travesti é alguém que foi registrada
quando do nascimento do sexo masculino, porém se identifica/apresenta do gênero
feminino. Quando se relacionar com um homem (tras* ou cis) será considerada
heterossexual, com outra mulher (trans* ou cis) será considerada
homossexual/lésbica e tanto com homem quanto com mulher (trans* ou cis) será
considerada bissexual.<br />
A Travesti é uma mulher. Travesti não é uma pessoa com identidade de gênero
masculina, logo, não é homem.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Deixando
claro que: Ninguém vira homem ou mulher. Ser homem ou ser mulher não está
instalado nos genitais. Logo, uma mulher transexual nunca foi um homem, apesar
de ter sido registrado do sexo masculino por conta do genital. Assim como, um
homem transexual nunca foi mulher, apesar de ter sido registrado como alguém do
sexo feminino por conta do genital. Como vimos anteriormente, ser homem ou ser
mulher é algo que extrapola o campo dos genitais/anatomia.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">4)
Num grupo de feministas auto-organizado, travestis são aceitas?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Deveriam
ser aceitas, pois as mulheres transexuais e travestis possuem identidade de
gênero feminina, isso significa que se reconhecem como pertencendo ao gênero
feminino. E como já foi dito anteriormente, ser homem ou ser mulher não são
inscrições anatômicas e, dado que o feminismo é um movimento de libertação das
mulheres, ele também deve se ocupar em livrar as mulheres transexuais e
travestis das opressões a que são submetidas socialmente: transfobia,
cissexismo, transmisoginia [misoginia contra as mulheres trans*] e machismo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">5)
Como um transexual operado é denominado biologicamente?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Pessoas
transexuais com ou sem cirurgia devem ser referenciadas pelo gênero que
reconhecem possuir, e lembrando sempre que gênero não é definido pelo genital.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">6)
Uma pessoa que tenha aparência ambígua, como me refiro a ela, no feminino ou no
masculino?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Perguntar
o nome da pessoa é uma estratégia, se ela te dá um nome feminino, é bastante
provável que queira ser tratada no feminino, e vice-versa para o masculino.
Esperar a pessoa flexionar o gênero para se referir a si mesma, e se você errar
ao fazer o tratamento, ela vai te corrigir, você pede desculpas, corrige-se e
prossegue. Ninguém está isento de errar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">7)
A pessoa nasceu mulher e esta em transição para identidade masculina, como devo
trata-la?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Ninguém
nasce homem ou mulher, mas sim com determinado(s) genital(is) ou mesmo sem
genital nenhum (condição rara). Ser homem ou ser mulher são construções
sócio-históricas e introjetadas psicologicamente/psiquicamente pelo aparelho mental,
trabalhadas aí e reprojetadas para o meio externo: além de serem legitimadas
politicamente.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Ninguém
transiciona para identidade nenhuma. A transição se dá para adequar o corpo à
identidade que a pessoa já possuía, em função de um desconforto psicológico que
ela porventura tenha com esse corpo. Trate a como elx se identifica.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">8)Se
eu tenho uma amiga que se veste como um rapaz e tem gostos considerados
masculinos, devo considera-la trans? Vou ofendê-la se chama-la de "ela”?
Se não, por que não? Qual a diferença?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">A
pessoa possui uma identidade trans*, pois sua expressão/papel de gênero não é
condizente com as normas cissexistas que ditam como deve se parecer e do que
devem gostar homens e mulheres.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Novamente:
pergunte o nome da pessoa, se ela te dá um nome feminino, é muito improvável
que ela não queira ser tratada como mulher.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">9)
Sobre a matéria que saiu no blog Pragmatismo Politico, vocês concordam?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Essa
matéria é um desserviço às identidades trans*.<br />
Críticas à matéria aqui:<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://www.alegriafalhada.com.br/?p=635" style="cursor: pointer;" target="_blank"><span style="color: #3b5998; text-decoration: none; text-underline: none;">http://www.alegriafalhada.com.br/?p=635</span></a><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">E a
matéria do Pragmatismo Político pode ser acessada aqui:<a href="http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/09/nao-confundir-travesti-transexual.html" style="cursor: pointer;" target="_blank"><span style="color: #3b5998; text-decoration: none; text-underline: none;">http://www.pragmatismopolitico.com.br/…/nao-confundir-trave…</span></a><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">10)
O gênero é atribuído à pessoa a partir de como ela é identificada no
nascimento, se nasce com pênis à pessoa é educada dentro do gênero masculino e
se nasce com vagina dentro do feminino. Se uma pessoa transgênera, nasce de um
sexo, mas se identifica com o gênero do outro sexo, como ocorre essa
identificação? É biológico? Se for, não se esta propondo/legitimando que o
gênero é algo natural, essencialista?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Não
há nenhum consenso das causas da transgeneridade, há cientistas que propõem
causas genéticas, outros psíquicas, outros sociais e finalmente há os que
observam todos esses campos para dizer que gênero é um constructo
bio-psico-social e legitimado politicamente.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">11)
Em relação à castração química e aos hormônios. Essas substancias afetam a
libido? A questão da reprodução da mulher trans, é afetada por esses
procedimentos?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Sim,
a libido geralmente diminui consideravelmente ou desaparece.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Como
a castração elimina a testosterona do corpo – ou leva os graus de testosterona
no sangue a índices insignificantes, a mulher trans* perde a sua capacidade
reprodutiva.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">12)
Já vi pessoas usando um termo neutro em inglês, qual seria esse termo em
português?Genderqueer (ou GQ) é um termo que define identidades de gênero que
fuja ao binarismo de gênero (a ideia de que há apenas dois gêneros:
homem/mulher) e à cisnormatividade (a ideia de que homens nascem com pênis e
mulheres com vagina).<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Genderqueers,
que podem se identificar como:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">a.Homem
e mulher ao mesmo tempo (bigênero, pangênero);<br />
b.Nem homem e nem mulher (sem gênero, agênero);<br />
c.Indo de um gênero ao outro (gênero fluído)<br />
d.Terceiro gênero ou outro-gênero: incluindo todos que não possuem nomeação
para o próprio gênero<br />
e.Possuindo uma sobreposição de gêneros, ou uma tênue separação entre os
gêneros.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Outras
dúvida? Continue lendo aqui:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;"><a href="http://www.alegriafalhada.com.br/o-que-e-alegria/" style="cursor: pointer;" target="_blank">http://www.alegriafalhada.com.br/o-que-e-alegria/</a></span><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Daniela Andrade </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-42861841887058186522015-10-02T15:38:00.002-07:002015-10-02T15:38:58.836-07:00Relato de uma mulher transexual que sobreviveu, apesar de tudo.<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Eu
lembro que em criança eu me cortava, ia dormir, o forro da cama amanhecia ensanguentado
e minha mãe dizia:<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Parece
mulher com tanto sangue na cama.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Aquilo
me dava um enorme prazer interno. Quando me disseram que toda mocinha
menstruava, pronto, meu sonho seria menstruar.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Tinha
um enorme nojo do meu genital, ele foi durante muitos anos da minha vida o
sinônimo dos meus problemas. Se eu não tivesse nascido com ele, poderia ser a
pessoa que sempre sonhei ser, poderia ser respeitada como eu me via. Como
sonhei e pedi a Deus para ter alguma doença para que ele precisasse ser
amputado.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Não
iria precisar brincar escondido com as bonecas da minha irmã. Lembro que uma
vez ela ganhou uma boneca linda, Meu Bebê, era o nome. Não podia dizer para
ninguém, mas meu sonho era que aquela boneca fosse minha.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Esperei
todos saírem e destruí a boneca com uma tesoura. Levei uma surra da minha mãe,
que me deixou ajoelhada na varanda trancada e no escuro, esperando meu pai
chegar para levar outra surra.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Brinquei
muito às escondidas de todos com as bonecas dela, como se fosse uma criminosa,
só podia brincar sozinha.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Sempre
saia do banho com a toalha cobrindo os peitos, afinal, só homem mostrava essa
parte do corpo, e eu jamais mostraria. Até que um dia, na casa da minha vó, um
tio disse:<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Pra
quê esconder o peito? Isso é coisa de mulher.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Mais
tarde esse tio, que também era meu padrinho, demonstrou das piores formas
possíveis que não estava disposto a me respeitar.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Uma
tia comprou Tela Vera, uma tela que você preenchia um desenho com lã e agulha.
Eu amava fazer aquilo, pois poderia fingir que tricotava, como muitas mulheres
da família, e que diziam ser proibido a um homem.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Um
dia, na casa de uma tia, esse tio me pegou tricotando e disse que se
envergonhava de mim, que enquanto os homens estavam vendo a final do campeonato
de futebol de sei lá quem com sei lá outro quem, eu estava tricotando como uma
bichinha.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Via
minha mãe na máquina de costura, e meu sonho era aprender a costurar também,
roupinhas para bonecas.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Eu
não tinha vontade de brincar com os meninos, as brincadeiras ditas dos meninos.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>E
tinha que ouvir o tempo todo que eu não deveria ficar enfurnada em casa, que
menino brincava na rua. E eu sempre detestei brincar na rua. Inclusive por que
na rua saberia que teria que aguentar os xingamentos: olha a bichinha, o
viadinho, o bambi, a gazela. Mas amava brincar em casa, de casinha ou escolinha,
eu era a professora, eu era a mamãe; as outras meninas seriam alunas ou filhas.
Até que minha mãe passou a me vigiar para que eu não mais brincasse do que ela
dizia ser apenas para mulheres, então parei de brincar, só assistia tevê ou lia
livros.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Lembro
de uma tia ter comprado uma pipa para eu empinar, nossa, como odiava aquilo. E
ela me disse que eu teria que gostar de empinar pipa como todo menino.
Obrigou-me a empinar aquela porcaria.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Às
vezes minhas tias ficavam alisando meu cabelo, e diziam que eu deveria ser
menina para elas poderem fazer penteados. Pois era o cabelo perfeito de uma
menina. Eu era uma criança, aquilo me confortava por dentro, perceber que
reconheciam partes femininas em mim sem haver ofensa ou reprovação em seguida.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Meus
pais não deixavam meu cabelo crescer, eu colocava a toalha de banho e fingia
que tinha um cabelo enorme.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Acoendava
o genital, escondendo ele na frente do espelho. Que prazer que eu tinha me
vendo daquele jeito, sem aquela coisa horrenda que havia em mim.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Sempre
urinava sentada, afinal, me diziam que urinar em pé era coisa de homem. E tudo
o quanto me diziam que era coisa de homem, eu repudiava.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Eu
estava no pré primário, ainda não sabia amarrar os cadarços do sapato. E lembro
como se fosse hoje de que um menino da minha sala sempre amarrava pra mim, ele
me tratava com um zelo, como se eu fosse uma princesa. Meu sonho íntimo era me
casar com ele, lembro de ter dito isso em casa e ter recebido uma surra. Ter
ouvido que meninos não se casam com meninos. As surras se tornaram constantes,
por qualquer motivo.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Aprendi
a pontapés que o que eu era, o que eu sentia, eram proibidos, era criminoso,
era pecaminoso.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Lembro
quando ganhei um time de futebol de botão, meu pai deu um pra mim e outro pro
meu irmão. Nossa, como aquilo me destroçava por dentro, me verem e me tratarem
como o que eu nunca fui.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Ouvi
a vida inteira: mas por que você não é igual seu irmão? por que não se espelha
no seu irmão?<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Lembro
que uma das últimas brigas que tive com meus pais antes de ir morar sozinha foi
eu ouvindo que eles tinham vergonha por eu não ser como meu irmão, e eu dizer:
eu só teria valor pra vocês se eu tivesse engravidado uma menina e jogado a
criança aqui dentro pra vocês cuidarem, que é o que ele fez.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>E
ter ouvido em seguida: pelo menos ele é homem, não um traveco.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Lembro
da minha mãe chorando depois de terem quebrado todas minhas maquiagens, dizer
que não tinha criado filho para ser travesti.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Lembro
de ter rezado por muitos anos para que eu não adquirisse o corpo dos homens.
Ficar perto de um homem, por muitos anos, foi algo que sempre me deu pavor.
Minhas amizades eram todas femininas, como eu achava tão mais fascinante as
conversas das meninas, e como eu achava desinteressante, rasa e ignorante as
conversas dos meninos.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>No
primeiro ano do ensino médio estudei um ano no SENAI, aula integral, era
obrigada a tomar banho na escola.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Lembro
que foi a primeira vez na vida que vi homens nus. Foi um choque na ocasião,
pensava por dentro com pavor: meu deus, eu terei um corpo igual a esses,
quadrados, com pelos e músculos iguais a esses? Pois antes prefiro a morte. A
visão daqueles corpos nus me agredia.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Tinha
uma repulsa, fui durante todo o tempo que lá estudei violentada por eles, de
todas as formas. O que só me ajudou a sedimentar ainda mais o horror aos
homens.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Aliás,
lembro que nas aulas de educação física era como descer ao inferno. O professor
escolhia os capitães dos dois times que iriam disputar a partida de futebol e
eles escolhiam quem queriam para seus times. Eu era a última, que ninguém
queria escolher, sempre. Até que alguém dizia: o traveco sobrou, e todos riam,
e eu voltava mais uma vez destruída para casa.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Mas
meu pai insistia que eu deveria jogar futebol e ser "como os outros",
a ponto de ter me matriculado em uma escola de futebol gratuita. Nossa, como
aquilo era repulsivo.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Eu
fugia da bola em campo, até que o técnico chegou para o meu pai e disse: pare
de dar murro em ponta de faca, não podemos mais aceitar aqui uma pessoa
atrapalhando o andamento do jogo. Meu pai parecia arrasado com o que técnico
dizia, fechou a cara pra mim, não nos falamos mais.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Gostava
de passar férias na casa da minha vó, pois tinha uma tia que adorava saltos e
bijuterias, e eu esperava ficar sozinha para colocar as roupas dela, os
vestidos que nunca pude ter, os seus saltos, e os seus brincos de pressão. Meu
sonho era crescer e ser como ela, ter as roupas dela, ir para a rua arrumada
como ela.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Um
dia minha vó chegou de sopetão, corri pra debaixo do cobertor, fingir que
estava dormindo, mas eu sabia que ela já tinha me visto de longe. Imaginei
outra surra, imaginei outro desmoronar de mundo; ela fingiu que não viu nada, e
saiu. Nunca tocou naquele assunto.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Lembro
de ir para o catecismo com meu irmão, no começo da adolescência, e um garoto
passar por nós e me chamar de gostosa. Eu tinha uma aparência bem andrógina, e
era frequente que os homens me tratassem como uma menina. Mas aquilo perturbava
meu irmão, até que ele disse para o meu pai que não poderia mais ir comigo para
o catecismo, pois ele não ia pagar o pato de ficar ouvindo besteira por conta
de eu ser daquele jeito.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Lembro
do meu pai me ensinando "como anda um homem", ele mostrando de forma
teatralizada, dizendo que eu não poderia cruzar os braços e tinha que tentar
não rebolar, que eu tinha que me esforçar.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Meu
irmão acabou mudando de turno, para não ir mais comigo para o catecismo, e eu
nunca consegui andar do jeito que meu pai queria.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Lembro
de tanto sofrimento, de tantas vezes que chorei baixinho contra o travesseiro,
lembro de tantas vezes que rezei para que deus permitisse que eu não mais
acordasse, para que todo aquele sofrimento deixasse de existir.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Não
é agora que estão falando mais sobre crianças e adolescentes trans que passamos
a existir, não é de hoje o nosso sofrimento, tampouco "virei" trans
quando completei 18 anos.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Nunca
consegui me reconhecer como homem, nunca consegui me encaixar dentro da prisão
de gênero para onde me mandaram, como muitas crianças e adolescentes trans não
vão conseguir.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Fui
uma criança e uma adolescente solitária, cabisbaixa, aceitando dolorosamente as
violências cotidianas.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Como
invejei minhas amigas que começavam a usar sutiã, ver os seios delas crescendo,
ver o que a sociedade determinada como feminilidade no corpo aflorando.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Eu
me sentia parte de tudo isso quando minhas tias se reuniam e não se importavam
de eu estar presente ouvindo as conversas, e quando um tio ou marido de uma
delas aparecia e uma soltava um: "vai pra lá que aqui é papo de
mulher", eu tinha uma pequena explosão de felicidade interna. Ao mesmo
tempo me sentia como uma intrusa, saber que não poderia jamais ser vista como
alguém do grupo delas.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Jamais
ser vista como alguém de grupo nenhum, afinal, eu falhei para o mundo, mas o
mundo também falhou para mim.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Depois
de adultas, vamos tentando colar os cacos de nossas infâncias e adolescências,
aquelas que julgo que não tive. Infelizmente pra mim, infelizmente para muitas
de nós.<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: Helvetica, sans-serif;"><i>Espero
que o crescente, ainda que tímido, respeito às crianças e adolescentes trans se
alargue para que não tenhamos que ler e ouvir mais histórias como a minha.<o:p></o:p></i></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><i>Daniela Rocha Andrade</i></o:p></div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-79598055513490710742015-04-05T07:42:00.001-07:002015-04-05T07:42:12.869-07:00Se o menino Jesus, 10, fosse morto em Ipanema, haveria comoção nacional<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Imagine a escalada, a abertura de telejornal, com as chamadas das notí<span class="ml6j7z2u6c" id="ml6j7z2u6c_6" style="border-bottom-width: 1px !important; border-style: none none solid !important; cursor: pointer; display: inline !important; float: none; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; height: 16px; line-height: inherit; list-style: none; margin: 0px !important; padding: 0px !important; text-decoration: underline !important; vertical-align: baseline;">cias</span> mais quentes do dia, os apresentadores tabelando em jogral:</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Uma tragédia no coração do Rio!</span></em></strong></div>
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<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em Ipanema, um menino de dez anos é assassinado com um tiro de fuzil!</span></em></strong></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">À <span class="ml6j7z2u6c" id="ml6j7z2u6c_13" style="border-bottom-width: 1px !important; border-style: none none solid !important; cursor: pointer; display: inline !important; float: none; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: normal; height: 16px; line-height: inherit; list-style: none; margin: 0px !important; padding: 0px !important; text-decoration: underline !important; vertical-align: baseline;">luz do dia</span>!</span></em></strong></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Durante uma operação da Polícia Militar!</span></em></strong></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O menino estava na <span class="ml6j7z2u6c" id="ml6j7z2u6c_14" style="border-bottom-width: 1px !important; border-style: none none solid !important; cursor: pointer; display: inline !important; float: none; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: normal; height: 16px; line-height: inherit; list-style: none; margin: 0px !important; padding: 0px !important; text-decoration: underline !important; vertical-align: baseline;">porta de casa</span>!</span></em></strong></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E se chamava Jesus, Eduardo de Jesus Ferreira!</span></em></strong></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E sua mãe se chama Maria, Terezinha Maria de Jesus!</span></em></strong></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Às vésperas da Páscoa, o <span class="ml6j7z2u6c" id="ml6j7z2u6c_3" style="border-bottom-width: 1px !important; border-style: none none solid !important; cursor: pointer; display: inline !important; float: none; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: normal; height: 16px; line-height: inherit; list-style: none; margin: 0px !important; padding: 0px !important; text-decoration: underline !important; vertical-align: baseline;">crime</span> num cartão-postal do Brasil abala o país!</span></em></strong></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A cerimônia da Sexta-Feira da Paixão foi cancelada no bairro!</span></em></strong></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E no domingo, para o menino Jesus, que sonhava ser médico ou engenheiro, não haverá ressurreição!''</span></em></strong></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Essa escalada não existiu nos telejornais da noite da quinta-feira, dia em que Eduardo de Jesus foi morto.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Houve um que ignorou a notícia.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Na sexta-feira teve jornal carioca que não deu a morte nem num cantinho escondido da primeira página.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Na internet, como em <span class="ml6j7z2u6c" id="ml6j7z2u6c_12" style="border-bottom-width: 1px !important; border-style: none none solid !important; cursor: pointer; display: inline !important; float: none; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; height: 16px; line-height: inherit; list-style: none; margin: 0px !important; padding: 0px !important; text-decoration: underline !important; vertical-align: baseline;">outras plataformas</span> do jornalismo, o noticiário foi ganhando envergadura ontem alimentado por duas fontes: as manifestações legítimas dos vizinhos de Jesus e a indignação cidadã que varreu as redes sociais.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Só assim a morte covarde conquistou as escaladas da TV.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Eduardo de Jesus não provocou uma comoção entre os brasileiros, e também no jornalismo, porque não vivia em Ipanema.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Era morador do complexo do Alemão, onde ontem houve protesto, no lugar da Paixão de Cristo.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Ele não sonhava ser médico ou engenheiro, mas sim motorista ou bombeiro _era este o digno horizonte do menino da favela para seu futuro de trabalhador.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Já pensaram o impacto de ouvir uma mãe da zona sul, e a dor suprema de mãe e pai independe de classe social, dizendo ter ouvido de um policial militar “saia daqui, senão vou matar você também!''?</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Foi o que Maria, a empregada doméstica mãe de Jesus, contou ter falado um PM. Mas a Maria não vive na zona sul.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Inexistiu o tiroteio descrito pelos policiais, ela disse. Só escutou o tiro de fuzil que matou seu filho, o caçula da prole de cinco.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Ela pensa em voltar para o <span class="ml6j7z2u6c" id="ml6j7z2u6c_8" style="border-bottom-width: 1px !important; border-style: none none solid !important; cursor: pointer; display: inline !important; float: none; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; height: 16px; line-height: inherit; list-style: none; margin: 0px !important; padding: 0px !important; text-decoration: underline !important; vertical-align: baseline;">Piau</span>í, de onde veio no ocaso da década de 1990 para tentar a sorte no Rio.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Além do drama de toda mãe e todo pai que perdem um filho, o episódio do Alemão tem outro componente relevante ao jornalismo, ao menos o jornalismo que se pretende fiscal, e não porta-voz, do poder: é possível ou provável que um servidor público tenha assassinado Jesus. O que incentiva a discussão sobre o tratamento oficial de populações humildes como inimigas. E sobre a Justiça necessária para desestimular a impunidade.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Nem assim a morte comoveu muita gente, afora os que pensam “podia ser meu filho''.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>A explicação é óbvia, e vale para muitas almas e para o jornalismo: Jesus era pobre, sua família é pobre.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Não é novidade, na última nação a abolir a escravidão e que figura entre as dez com desigualdade mais obscena.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Anteontem, em 2013, milhões de brasileiros se revoltaram e choraram com duas dezenas de lojas quebradas no Leblon e deram de ombros para uma chacina ocorrida na Maré, numa invasão do Bope, poucos dias antes.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Incrível país o nosso: vozes ditas esclarecidas esperneiam ao ouvir falar em luta de classes (até o Delfim Netto sabe que ela existe), mas só têm o coração machucado, machucado mesmo, não da boca para fora, quando a covardia ocorre no asfalto, e não no morro.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Para cristãos, praticantes de outras religiões ou gente sem fé além da teimosa fé no ser humano (está difícil, viu), esta Páscoa é para pensar em Jesus.</i></span></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-stretch: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Em Eduardo de Jesus Ferreira, o menino que nunca será bombeiro ou motorista."<br /><br />Via: Mário Magalhães<br />UOL Noticias </i></span></div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-61504126267079440712015-04-03T16:10:00.000-07:002015-04-03T16:10:05.633-07:00Menino Eduardo<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
"Eduardo tinha dez anos de idade.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Eduardo tinha pais, irmãos e amigos.</div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">
<div style="margin-bottom: 6px;">
Eduardo gostava de correr, de brincar, de ver televisão, de rir de desenho animado e de comer bobagem antes do almoço.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Eduardo queria ser bombeiro quando crescesse.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Mas Eduardo não vai crescer. Ele começou o dia criança e terminou cadáver. Tinha sonhos e agora é carne machucada e sem vida. Seus verbos agora são no passado.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Sonhou. Riu. Brincou. Viveu.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Eduardo foi executado por um policial militar no Morro do Alemão. Sua morte não foi o principal destaque dos portais e jornais. Quando foi noticiada, ele se transformou apenas em um "menino do Morro do Alemão", em uma estatística da violência.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Eduardo nasceu sem chances e sem chances morreu.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Talvez Eduardo tivesse medo do escuro. De monstros. De trovão. Talvez. Por outro lado, provavelmente tinha da polícia. E estava certo em ter. Se eu fosse pobre e morasse na favela, também teria - porque saberia que, para boa parte da sociedade e dos agentes da lei, eu não seria apenas uma criança; seria um criminoso à espera de meu primeiro crime.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Eduardo teve sua cabeça de criança destruída pela bala de um policial militar. E nos portais que noticiaram sua morte sem destaque, comentaristas agiram com escárnio e disseram que, se pudessem, ajudariam a polícia militar a matar 50 por dia. E gritam pela redução da maioridade penal em um país que já condena à morte crianças de dez anos.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Você está morto, Eduardo, e eu preciso ir ali abraçar meus filhos bem apertado enquanto penso na dor da sua mãe cujos braços vão para sempre sentir a falta do calor de seu corpinho de criança.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Desculpa esse mundo, Eduardo. Desculpa esse mundo."<br /><span style="line-height: 19.3199996948242px;">Pablo Vilhaça</span></div>
</div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-20877827116936996692015-01-02T14:25:00.000-08:002015-01-02T14:25:09.565-08:00As feministas é que são chatas<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">"Parece haver um consenso sobre a chatice das feministas. Mas e a chatice das pessoas que querem determinar o que a mulher pode ou não fazer?</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Alguns acham que fãs de futebol são chatos. Outros insistem que chatos são os evangélicos. Outros discordam, acham que chatos são os gays. É particularmente difícil determinar a chatice que define um grupo de pessoas, mas parece haver um consenso sobre as feministas: elas é que são chatas.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">É claro que existe um universo de chatice explorado diariamente, mas a chatice das feministas é de uma proporção tão gigantesca que a chatice de pessoas desagradáveis como as que assoviam para você na rua acabam passando em branco.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Tem gente que diz que mulher não pode sair de roupa curta. Tem que se valorizar. Mas sair sem maquiagem não pode, tem que ser feminina. Outros dizem que tem que alisar o cabelo, porque cabelo crespo ou indomável não pode ser bonito. São pessoas que vão olhar para alguém que não se encaixa no padrão e dizer “ih, você precisa se cuidar”. Mas as feministas é que são chatas.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Tem gente que conseguiu determinar o que é uma “mulher de verdade”, em uma listinha cheia de detalhes complicados, como: não pode ser magra demais, mas também não pode ser gostosona, porque isso é vulgar; não pode gostar de beber, nem querer se divertir; tem que ser pra casar, para cuidar do marido quando ele precisar.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Se não se encaixar na listinha com outros quinhentos e oitenta e três itens, só pode ser puta. Essas pessoas também dizem que mulher não pode falar palavrão e nem gostar de sexo como os homens. Mas as feministas é que são chatas.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Tem gente que diz que, se uma mulher não quer transar com um cara que foi legal com ela, ela é uma vaca por deixá-lo na friendzone. Mas tem gente que também diz que se a mulher transa com quem quer, quando quer, ela é uma vadia.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Há quem diga que o sexo desvaloriza a mulher, então ela precisa se “guardar”. Tem gente que acha que buceta se desgasta com o uso. Mas as feministas é que são chatas.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Tem gente que diz que homem não serve pra cozinhar. Que é um completo retardado que não é capaz de fazer sozinho a mais simples das tarefas domésticas sem fazer algo errado ou sem chamar a mulher para ajudar, afinal, ela é que foi feita pra isso.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Essas pessoas também dizem que homem é uma criatura rasa e descontrolada que vai querer enfiar o pau em qualquer mulher que vê pela frente. Tem gente que diz que homem com sensibilidade não pode, porque é “gay”. E ainda tem gente que diz que é o homem quem tem que pagar a conta. Mas as feministas é que são chatas.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Tem gente que adora quando as mulheres tiram fotos de lingerie e publicam na internet, desde que não sejam gordas, velhas, fora do padrão de beleza, ou que usem lingerie bege.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Tirar a roupa para protestar também não pode. Porque há quem diga que as mulheres até podem lutar por seus direitos, mas não podem “lutar demais”.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Essas pessoas é que definem quem pode ficar nua, onde, quando, por qual motivo e para quem elas devem se mostrar. Mas as feministas é que são chatas.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Querem cagar regra sobre o que a mulher pode ou não fazer com seu próprio corpo. Mas as feministas é que são chatas.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Feministas são chatas porque falam de assuntos que ninguém quer ouvir. Porque querem mudar coisas que não interessa aos privilegiados mexer. Porque escrevem e falam sobre assuntos que vão deixar as pessoas desconfortáveis.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Feministas são as malas sem alça que desconstroem as mensagens da mídia e as estruturas da sociedade. Feministas são as chatas que questionam tudo.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Feministas reivindicam que a mulher faça do seu corpo e da sua vida o que bem entender, sem nenhum papel de gênero para limitá-la e nenhum homem para oprimi-la, e por isso são consideradas umas chatas. Tudo porque acreditam na ideia radical que mulheres são seres humanos.</span><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">É, as feministas são chatas. E eu estou convicta de que sou uma também."</span></span></i><br />
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.3199996948242px;">Por Aline Valek </span>CartaCapital</span></i>Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-7666183816312958452014-10-27T16:21:00.002-07:002014-10-27T16:21:44.857-07:00A "novidade" da divisão do Brasil<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px;">
<span style="line-height: 19.3199996948242px;"><i>Durante um debate organizado pelo jornal O Globo para analisar o resultado das eleições, para o qual fui convidado, o deputado estadual tucano Luiz Paulo Corrêa da Rocha afirmou que os governos do PT "dividiram o país" e que, portanto, é responsabilidade da presidenta Dilma, no seu segundo mandato, "voltar a uni-lo". Esta retórica - reproduzida em análises do resultado do segundo turno das eleições publicadas nos principais jornais do país - não é original do Brasil: está presente nos discursos da direita em todos os países da América Latina cujos governos, mesmo sem questionar as bases do modelo econômico neoliberal, desenvolveram políticas mais ou menos intensas de redistribuição da renda e melhoraram a qualidade de vida dos mais pobres, ou ampliaram os direitos de diferentes parcelas da população antes excluídas; todos esses governos são acusados por suas respectivas oposições à direita de "dividirem" seus respectivos países.</i></span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Essa retórica é, além de ressentida, arrogante - na medida em que age como se a totalidade dos eleitores não tivesse memória histórica nem acesso à informação - e desonesta quando busca esconder o fato de todos os esses países já estavam duvidosa há séculos. Foi o que respondi ao deputado tucano!</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Sim, o Brasil está dividido. Em primeiro lugar, pela divisão de classes própria do capitalismo, que, em sua versão brasileira, está marcado pela herança escravocrata que nos dividiu - a princípio literalmente e, depois, metaforicamente - em "casa grande e a senzala". Ora, segundo o censo do IBGE de 2010, os 10% mais ricos da população ganharam, nesse ano, 44,5% do total de rendimentos; enquanto os 10% mais pobres receberam menos de 1,1%. Esses números significam que quem está na faixa mais pobre precisaria poupar a totalidade de seus recursos durante três anos e três meses para acumular a renda média mensal dos brasileiros que pertencem à faixa mais rica.<br />E esses dois "brasis" - o da casa grande e o da senzala - correspondem também a outras divisões igualmente históricas: o país branco e o preto; o país do sul-sudeste e o do norte-nordeste; o país do asfalto e o da favela; o dos jardins e do periferia; o país da empregada doméstica e o da patroa. A geografia de nossas cidades — "cidades partidas", para usar a expressão de Zuenir Ventura em livro nada recente e anterior à emergência do PT ao governo federal — está marcada por uma divisão tão evidente quanto naturalizada. No Rio de Janeiro, por exemplo, essa divisão tem uma expressão horizontal - materializada no túnel Rebouças que divide a cidade em zonas sul e norte ("Só falta reunir a zona norte à zona sul; iluminar a vida já que a morte cai do azul", cantou Lulu Santos muito antes de o PT pensar em fazer um presidente da república) - e outra vertical, em que a favela no morro é uma outra cidade dentro da cidade, com diferentes investimentos e serviços públicos e até leis ("Um dia desses eu tive um sonho em que havia começado a grande guerra entre o morro e a cidade", cantava Alceu Valença em plena era Fernando Henrique Cardoso).</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Somos um país profundamente e historicamente dividido entre a opulência e a miséria, que não é apenas material, mas também espiritual ("A novidade era a guerra entre o feliz poeta e o esfomeado", diz o verso de Gilberto Gil cantado por Os Paralamas do Sucesso na década de 80). Ainda vivemos numa "Belíndia", com uma parte pequena da população vivendo como na Bélgica e outra parte, muito maior, vivendo como na Índia; mas esta divisão não é uma novidade introduzida pelo PT.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Ao contrário, neste país historicamente dividido, os governos petistas trilharam, apesar de todas as suas deficiências, um lento caminho de "reunificação" que permitiu desbotar as linhas das desigualdades social, racial e de gênero que nos dividem, estendendo a cidadania a milhões de pessoas.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Para continuarmos desbotando as linhas dessa desigualdade, precisamos acelerar mais nesse caminho, inclusive ultrapassando os limites impostos pelos acordos petistas com parte da elite econômica e financeira; das corporações comerciais e dos partidos políticos fisiologistas que compõe a base do governo no Congresso Nacional - acordos que asseguram a famigerada "governabilidade".</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Por isso, a crítica que nós que nos colocamos à esquerda do PT fazemos é exatamente a oposta ao discurso dos tucanos e de boa parte da mídia: a conciliação entre os dois brasis não vai nascer do retrocesso na justiça social nem da privatização de estatais em favor dos lucros do livre mercado (em especial, do livre mercado financeiro) que assegura privilégios a uma casta; a conciliação entre os dois brasis vai nascer justamente da combinação de desenvolvimento econômico sustentável com a extensão da cidadania que fez nascer - e tanto irrita - o antipetismo. Em grande medida, é nessa compreensão que reside a diferença entre a oposição à esquerda, da qual faço parte, e a oposição à direita, representada principalmente pelos tucanos.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>O país está dividido também por outras linhas que a direita (por seu conservadorismo) e parte da esquerda (por uma leitura anacrônica do marxismo que secundariza todas as formas de opressão que não sejam a de classe) têm enormes dificuldades de enxergar. Está dividido entre homens e mulheres - estas recebem menores salários; têm menos chances de chegar a posições de poder; sofrem a violência de gênero e têm seus direitos sexuais e reprodutivos negados. Está dividido entre heterossexuais e "dissidentes sexuais" (LGBTs) - estes últimos têm inúmeros direitos civis negados; são alvo de discursos de ódio por parte de políticos e pastores fundamentalistas; sofrem violência e bullying desde crianças e são espancados e mortos a cada dia em crimes motivados por ódio. Está dividido entre cristãos e adeptos de religiões minoritárias (incluindo as de matriz africana) e ateus - os dois últimos grupos sofrem as consequências da crescente eliminação da laicidade do Estado, que pretende impor uma religião oficial e um código moral dogmáticos que resulta da leitura fundamentalista do texto bíblico. Está dividido entre brancos e não-brancos (pretos, pardos, indígenas e colônias de ciganos, asiáticos, judeus, turcos e libaneses) - a divisão em relação aos negros (pretos e pardos) tem estreita relação com a divisão de classes desde a época da escravidão e põe em os negros em inegável desvantagem que se materializa no alijamento de direitos e oportunidades.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Uma das mais fortes críticas que eu fiz ao governo do PT durante os últimos quatro anos foi quanto à sua omissão na tarefa de unir, também, esses brasis, por ter cedido à pressão dos setores mais conservadores que, nessa eleição, debandaram para o lado de Aécio Neves - foi também por essa debandada que eu decidi apoiar a Dilma no segundo turno.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Por fim, o país está dividido pelo discurso de ódio que a campanha de Aécio Neves ajudou a fortalecer, embora não o tenha produzido, já que esse discurso é muito mais velho que a campanha da coligação tucana. Esse discurso que hoje nos choca nas ruas e nas redes sociais, que expressa o ódio contra os pobres, os favelados, os nordestinos e todos os que melhoraram de vida nesses anos de governos petistas e, por isso, alguns no primeiro e outros no segundo turno, votaram na presidenta reeleita; esse discurso fascista, que, nos casos mais extremos, como o do coronel Telhada, deputado estadual do PSDB de São Paulo, chegou a propor a secessão do Sudeste como forma de se desfazer do povo nordestino; esse discurso que já estava de certa forma na boca de eleitores de Aécio Neves (embora outros eleitores mais progressistas do tucano relutassem em admitir isso, talvez por vergonha de seus companheiros de voto) e que foi expresso por "celebridades" em seus perfis nas redes sociais digitais, esse discurso foi que evocou a divisão histórica que separa nossas vidas e marca nosso imaginário.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>O poeta Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova já haviam ironizado o discurso separatista que vem do sul-sudeste num repente gravado por Elba Ramalho na primeira metade dos anos 80 e cuja radiodifusão foi proibida pela ditadura militar moribunda: "Já que existe no Sul este conceito que o Nordeste é ruim, seco e ingrato; já que existe a separação de fato; é preciso torná-la de direito. Quando um dia qualquer isso for feito, todos dois vão lucrar imensamente, começando uma vida diferente da que a gente até hoje tem vivido. Imagine o Brasil ser dividido e o Nordeste ficar independente!".</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>Precisamos unir o Brasil, sim. Mas essa união não se fará com retóricas hipócritas, muito menos evitando os conflitos que muitas vezes são necessários para acabar com a própria divisão. Precisamos unir o Brasil acabando com as fronteiras que produzem exclusão e privilégio, opulência e miséria, opressores e oprimidos. Se de algo o PT é culpado não é de ter dividido o país, mas de ter feito muito menos do que muitos de nós esperávamos para uni-lo.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<i>Os "podres poderes" que o PT não enfrentou como deveria, incorporando-os à sua base parlamentar e estrutura de governo, são os mesmos que a direita derrotada no domingo representa de forma mais direta. Temos de enfrentá-los; e, para isso, precisamos ter uma alternativa à esquerda que se proponha a mudar o atual estado de coisas, contrapondo as pressões do PSDB, do DEM e do PMDB sobre o PT e fazendo, do Brasil, o país verdadeiramente de todos.<br />Jean Wyllys</i></div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-58277742322553613672014-10-18T16:20:00.000-07:002014-10-18T16:20:04.817-07:00Eleições<div style="background-color: white; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Chegamos ao segundo final de semana do 2º turno em uma situação de bloqueio total. As duas candidaturas bloquearam completamente as possibilidades do próprio avanço e do avanço da outra. Dilma está bloqueada pelo antipetismo, cuja dimensão pode ser medida pela sua taxa de rejeição, acima dos 40%. Aécio, que resolveu apostar todas as suas fichas no antipetismo, comprometeu, com essa decisão, as suas possibilidades de avanço: suas intenções de voto só progridem se o antipetismo aumentar. Mas não há como aumentar mais, pois petistas e simpatizantes correram para as trincheiras para proteger as suas posições, e eles ainda são um das grandes forças eleitorais brasileiras. Mesmo os levemente antipatizantes do PT (fadiga!), repensaram o seu posicionamento: desgostam do PT, mas têm verdadeiro horror dos odiadores do PT que se bandearam para Aécio. A este ponto, a rejeição a Aécio já deve estar empatando com a de Dilma. Talvez a supere, anotem aí.</span></i></div>
<div style="background-color: white; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Foram as escolhas das campanhas. Quanto mais se ataca, mais se prega para os convertidos, mais se afastam os indecisos, mais se fortalece a identidade coletiva e o ânimo beligerante do outro lado. Todos desenterram as machadinhas e se pintam para a guerra. Uma campanha diferente, tratando de questões, temas e propostas, parece ter sumido do horizonte na última semana. A campanha negativa apóia-se em julgamento de caráter e de comportamentos. A campanha de Aécio forneceu ao antipetismo um argumento moralizante para justificar o seu horror ao PT, na forma do tema da corrupção. Para fins antipetistas, fez um trabalho eficiente: colou no PT o selo da corrupção e aproveitou a cobertura jornalística sobre os vazamentos - seletivos e conveniente racionados - do escândalo da Petrobras para alimentar a raiva. Assim o jornalismo passa a ser usado pelo antipetismo para o feeding da ideia de corrupção. O PT reagiu atacando Aécio (na mesma chave moralizante) e insistindo em colocar no colo do mineiro o recall do governo FHC, descrito a este ponto como um apocalipse zumbi. Assim, o Aécio é caracterizado ou pelas suas fraquezas morais ou porque deve ser punido pelos males do governo FHC. Sobram razões para se odiar Aécio ou detestar Dilma, mas ninguém tem oferecido boas razões para se amar um ou outro. Em campanhas negativas, solicita-se ao eleitor que vote substancialmente para que o outro lado não ganhe. E pronto.</span></i></div>
<div style="background-color: white; display: inline; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando se chega um impasse como este, em que o eleitorado se divide por que há razões equivalentes para odiar um lado ou odiar o outro, as taxas de rejeição e as intenções não ir votar ou de votar branco/nulo são mais importantes do que as taxas de aprovação e as intenções de voto. Prestem atenção naqueles indicadores. Não sabemos se as hostilidades atingiram o teto hoje - com as mais que odiosas edições do debate do dia anterior -, mas, se continuarem assim, aumenta a propensão de que uma porção dos eleitores seja vencida pela ojeriza da campanha e dos políticos e resolvam não mais participar do jogo. Se a ojeriza provocará mais estragos do lado dos antipetistas ou dos petistas e simpatizantes, deixo aos vosso debate. Um abraço."<br />Wilson Gomes</span></i></div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-81272646187732844142014-07-18T16:07:00.001-07:002014-07-18T16:07:00.532-07:00A culpa por ser pobre e não ter estudado é totalmente sua<div id="texto" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; line-height: 20px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A culpa por você ser pobre é totalmente sua.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A frase acima raramente traduz a verdade. Mas é o que muita gente quer que você acredite.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Aí a gente liga a TV de manhã para acompanhar os telejornais por conta do ofício e já se depara com histórias inspiradoras de pessoas que não ficaram esperando o Maná cair do céu e foram à luta. Pois a educação é a saída, o que concordo. E está ao alcance de todos – o que é uma besteira. E as cotas por cor de pele, que foram fundamentais para o personagem retratado na reportagem alcançar seu espaço e mudar sua história, nem bem são citadas.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pra quê? No Brasil, não temos racismo, não é mesmo? Até porque o negro não existe. É uma construção social…</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando resgato a história do Joãozinho, os meus leitores doutrinados para acreditar em tudo o que vêem na TV ficam loucos. Joãozinho, aquele self-made man, que é o exemplo de que professores e alunos podem vencer e, com esforço individual, apesar de toda adversidade, “ser alguém na vida”.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(Sobe música triste ao fundo ao som de violinos.)</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Joãozinho comia biscoitos de lama com insetos, tomava banho em rios fétidos e vendia ossos de zebu para sobreviver. Quando pequeno, brincava de esconde-esconde nas carcaças de zebus mortos por falta de brinquedos. Mas não ficou esperando o Estado, nem seus professores lhe ajudarem e, por conta, própria, lutou, lutou, lutou (contando com a ajuda de um mecenas da iniciativa privada, que lhe ensinou a fazer lápis a partir de carvão das árvores queimadas da Amazônia), andando 73,5 quilômetros todos os dias para pegar o ônibus da escola e usando folhas de bananeira como caderno. Hoje é presidente de uma multinacional.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(Violinos são substituídos por orquestra em êxtase.)</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ao ouvir um caso assim, não dá vontade de cantar: Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amoooooooor?</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Já participei de comissões julgadoras de prêmios de jornalismo e posso dizer que esse tipo de história faz a alegria de muitos jurados. Afinal, esse é o brasileiro que muitos querem. Ou, melhor: é como muitos querem que seja o brasileiro.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Enfim, a moral da história é:</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Se não consegue ser como Joãozinho e vencer por conta própria sem depender de uma escola de qualidade, com professores bem capacitados, remunerados e respeitados, e de um contexto social e econômico que te dê tranquilidade para estudar, você é um verme nojento que merece nosso desprezo. A propósito, morra!''</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Uma vez, recebi reclamações da turma ligada a ações como “Amigos do Joãozinho”. Sabe, o pessoal cheio de boa vontade genuína e sincera, mas que acredita que o problema da escola é que falta gente para pintar as paredes. Um deles me disse que acreditava na “força interior'' de cada um para superar as suas adversidades. E que histórias de superação são exemplos a serem seguidos.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Críticas anotadas e encaminhadas ao bispo, que me lembrou de que eu iria para o inferno – se o inferno existisse, é claro.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O Brasil está conseguindo universalizar o seu ensino fundamental, mas isso não está vindo acompanhado de um aumento rápido na qualidade da educação. Mesmo que os dados para a evolução dos primeiros anos de estudo estejam além do que o governo esperava no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), grande parte dos jovens de escolas públicas têm entrado no ensino médio sabendo apenas ordenar e reconhecer letras, mas não redigir e interpretar textos.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Enquanto isso, o magistério no Brasil continua sendo tratado como profissão de segunda categoria. Todo mundo adora arrotar que professor precisa ser reconhecido, mas adora chamar de vagabundo quando eles entram em greve para garantir esse direito.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ai, como eu detesto aquele papinho-aranha de que é possível uma boa educação com poucos recursos, usando apenas a imaginação. Aulas tipo MacGyver, sabe? “Agora eu pego essa ripa de madeira de demolição, junto com esses potinhos de Yakult usados, coloco esses dois pregadores de roupa, mais essa corda de sisal… Pronto! Eis um laboratório para o ensino de química para o ensino médio!''</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É possível ter boas aula sem estrutura? Claro. Há professores que viajam o mundo com seus alunos embaixo da copa de uma mangueira, com uma lousa e pouco giz. Por vezes, isso faz parte do processo pedagógico. Em outras, contudo, é o que foi possível. Nesse caso, transformar o jeitinho provisório em padrão consolidado é o ó do borogodó.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pois, como sempre é bom lembrar, quem gosta da estética da miséria é intelectual, porque são preferíveis escolas que contem com um mínimo de estrutura. Para conectar o aluno ao conhecimento. Para guiá-lo além dos limites de sua comunidade.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Ah, mas Sakamoto, seu chato! Eu achei linda a história da Ritinha, do Povoado To Decastigo, que passa a madrugada encadernando sacos de papel de pão e apontando lascas de carvão, que servirão de lápis, para seus alunos da manhã seguinte. Ela sozinha dá aula para 176 pessoas de uma vez só, do primeiro ao nono ano, e perdeu peso porque passa seu almoço para o Joãozinho, um dos alunos mais necessitados. Ritinha, deu um depoimento emocionante ao Globo Repórter, dia desses, dizendo que, apesar da parca luz de candeeiro de óleo de rato estar acabando com sua visão, ela romperá quantas madrugadas for necessário porque acredita que cada um deve fazer sua parte.''</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ritinha simboliza a construção de um discurso que joga nas costas do professor a responsabilidade pelo sucesso ou o fracasso das políticas públicas de educação. Esqueçam o desvio do orçamento da educação para pagamento de juros da dívida, esqueçam a incapacidade administrativa e gerencial, o sucateamento e a falta de formação dos profissionais, os salários vergonhosamente pequenos e planos de carreira risíveis, a ausência de infraestrutura, de material didático, de merenda decente, de segurança para se trabalhar. Esqueçam o fato de que 10% do PIB para a educação está longe de sair do papel.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Joãozinho e Ritinha são alfa e ômega, os responsáveis por tudo. Pois, como todos sabemos, o Estado não deveria ter responsabilidade pela qualidade de vida dos cidadãos.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vocês acham sinceramente que “a pessoa é pobre porque não estudou ou trabalhou''?</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Acreditam que basta trabalhar e estudar para ter uma boa vida e que um emprego decente e uma educação de qualidade é alcançável a todos e todas desde o berço?</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E que todas as pessoas ricas e de posses conquistaram o que têm de forma honesta?</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Acham que todas as leis foram criadas para garantir Justiça e que só temos um problema de aplicação?</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não se perguntam quem fez as leis, o porquê de terem sido feitas ou questiona quem as aplica?</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sabem de naaaaada, inocentes!</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como já disse aqui, uma das principais funções da escola deveria ser produzir pessoas pensantes e contestadoras que podem colocar em risco a própria estrutura política e econômica montada para que tudo funcione do jeito em que está. Educar pode significar libertar ou enquadrar – inclusive libertar para subverter.</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Que tipo de educação estamos oferecendo?</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Que tipo de educação precisamos ter?</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Uma educação de baixa qualidade, insuficiente às características de cada lugar, que passa longe das demandas profissionalizantes e com professores mal tratados pode mudar a vida de um povo?</span></i></div>
<div style="border: 0px; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: 24px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O Joãozinho e a Ritinha acham que sim. Mas eu duvido.</span></i></div>
</div>
<aside style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10px; margin: 0px 0px 40px; padding: 0px; position: relative; vertical-align: baseline;"><div class="ferramentas" style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 10px 0px 0px; position: relative; right: 0px; top: 0px; vertical-align: baseline;">
</div>
</aside>Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-17501906530507441362014-07-16T17:06:00.000-07:002014-07-17T13:03:27.632-07:00Deputado Jean Wyllys sobre o caso de violência contra a mulher no momento do parto praticada por um médico, então obstetra, contra uma gestante no último dia 02 de Junho, na cidade de Natal (RN).<i><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 20px;">"Recebemos oficialmente da Artemis uma denúncia gravíssima de violência contra a mulher no momento do parto praticada por um médico, então obstetra, contra uma gestante no último dia 02 de Junho, na cidade de Natal (RN).</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 20px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 20px;">Segundo relato da gestante, o médico obstetra realizou diversos procedimentos sem consentimento, afirmando que não teria tempo para fazer um parto humanizado. Entre tais procedimentos estão a anestesia em dose evidentemente inadequada e a negação ao direito </span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #37404e; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 20px;">de escolher a posição mais adequada para seu conforto. A mãe denuncia ainda que o médico manteve a mão dentro de sua vagina durante todo o procedimento, ignorando os apelos da gestante que reclamava da dor que aquilo lhe causava. Segundo ela, o obstetra lhe dizia que não se importava. Após os fatos, o médico deixou voluntariamente de praticar a obstetrícia.<br /><br />O caso chamou a atenção da imprensa após o médico ter divulgado publicamente uma versão fantasiosa dos fatos, afirmando que a mãe estava "surtada" e que era "comedora de placenta", ferindo inclusive o dever ético de sigilo profissional. O relato das violações de direitos da gestante e de violência obstétrica que se sucederam até o fim do parto são chocantes (e pode ser lido na íntegra no blog Cientista Que Virou Mãe :<a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fbit.ly%2F1jxUuBB&h=yAQFGEUuk&s=1" rel="nofollow nofollow" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;" target="_blank">http://bit.ly/1jxUuBB</a> ) e nos mostra a realidade do atendimento obstétrico no país, que conta com a reiterada prática de procedimentos inefetivos e danosos, submetendo as mulheres e seus filhos, de forma desnecessária, a riscos reais à sua vida e à sua saúde. Os procedimentos vão na direção contrária da política de humanização do atendimento obstétrico e neonatal e são os causadores de mortes maternas e neonatais – que são evitáveis em 98% dos casos.<br /><br />Como membro da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, encaminharei a denúncia ao presidente do colegiado, Assis do Couto, para que a Comissão possa investigar minunciosamente os fatos denunciados e tomar as providências cabíveis.<br /><br />E para enfrentar esse fantasma que assombra as maternidades brasileiras, já tramita na Câmara o projeto de lei PL 7633/2014 de minha autoria, construído em parceria com a Artemis, que garante à gestante o direito ao parto humanizado e apresenta soluções legais para o enfrentamento da violência obstétrica seja qual for o tipo de parto escolhido pela gestante:<a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fbit.ly%2F1jvMIrY&h=NAQHUAjqC&s=1" rel="nofollow nofollow" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;" target="_blank">http://bit.ly/1jvMIrY</a><br /><br /><a href="http://jeanwyllys.com.br/wp/jean-wyllys-denuncia-grave-caso-de-violencia-obstetrica-em-natal-rn" rel="nofollow nofollow" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;" target="_blank">http://jeanwyllys.com.br/wp/jean-wyllys-denuncia-grave-caso-de-violencia-obstetrica-em-natal-rn</a></span></i>Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-8709333286073462622014-07-16T17:04:00.000-07:002014-07-16T17:04:16.708-07:00Violência médica no Parto<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="background-color: white; color: #666666; font-weight: normal; margin: 0px; position: relative;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Não. Ela não é uma "comedora de placenta". Ela é mais uma vítima da violência obstétrica que mutila mulheres no Brasil.</span></i><span style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: small;">Foi assim que a experiência traumática de parto de uma mulher (uma das mais traumáticas </span><i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">que já li ou ouvi) foi relatada e divulgada pela mídia. Uma mulher reduzida a "</span></i></span><i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;"><b style="line-height: 20.591999053955078px;">surtada comedora de placenta</b><span style="line-height: 20.591999053955078px;">".</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">O relato e divulgação do caso, nesses termos, no entanto, somente aconteceram após o médico que a atendeu, Iaperi Araújo, ter se referido de maneira degradante, humilhante e ridicularizante à parturiente em sua página na rede social.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">Você deve ter ouvido falar sobre esse caso. Aconteceu em Natal, no dia 02 de julho, mas a mídia somente começou seu freak show após a postagem do obstetra. Ex-obstetra, corrijo-me. Porque ele decidiu parar de praticar a obstetrícia.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">Pois bem.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">Em uma das matérias que menciono acima, há uma entrevista com ele, que conta, sob seu viés, o que considera ter acontecido.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">Eu, que estudo a violência obstétrica e as práticas que a constituem, somente lendo sua entrevista (e os prints de sua publicação na rede social), pude identificar o que aconteceu, a motivação, a luta dessa mulher contra a separação mãe-bebê, o preconceito, a desinformação, a má prática, a luta contra a medicalização e a violência institucional e muitos outros pontos que nos dão uma visão aproximada de algo que acontece, infelizmente, ainda muito pouco: a reivindicação explícita dos direitos das mulheres no parto e contra a violência obstétrica. Mas acontece que encontrar mulheres suficientemente empoderadas para tal é evento tão raro que, quando acontece, elas são ridicularizadas e expostas pela mídia como "surtadas", "comedoras de placenta" ou "irresponsáveis que colocam a vida dos filhos em risco e precisam de medidas legais que as acuem e as obriguem a uma cesárea contra sua vontade", </span><a href="http://www.cientistaqueviroumae.com.br/2014/04/uma-conversa-com-adelir-e-emerson-eu.html" style="color: #888888; line-height: 20.591999053955078px; text-decoration: none;" target="_blank">como aconteceu com Adelir Carmem Lemos de Góes</a><span style="line-height: 20.591999053955078px;">, em abril deste ano.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">Como a mim não interessa outra voz além da dessas mulheres - entre as quais também me incluo - abaixo você vai ler o relato da própria parturiente. Hoje uma mulher vivendo um puerpério extremamente difícil, vítima de bullying, ridicularizada e perseguida em sua própria cidade, cruelmente exposta por uma equipe de saúde e por uma mídia sensacionalista barata.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">E por que?</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">Porque lutou com todas as forças que tinha, e após ser humilhada, ridicularizada e vitimada pela violência obstétrica, que faz centenas de novas vítimas todos os dias, para que não a separassem de seu filho.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">Esse é o relato dela.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">Absolutamente chocante.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">E vai continuar acontecendo. Todos os dias. Com centenas de mulheres.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">Até que tenhamos medidas concretas para coibir e punir a má prática que faz, todos os dias, novas vítimas.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">Olhe para seu país. Olhe para suas mulheres.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">Há violência, mutilação e horror aqui mesmo.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="line-height: 20.591999053955078px;">E encarada como normal, ou rotina.</span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">"Sou um animal ferido, que volta destroçado e ensanguentado para o seu ninho, após sobreviver a uma tentativa quase eficaz de abate. Sou um mamífero em apuros, com sua cria no colo, chorando pelo pouco leite que sai das tetas de sua genitora. Eu. Que assustada me escondo de tudo e de todos, pois apesar de ter sobrevivido ao abate, sou agora açoitada e perseguida por meus iguais, mamíferos de mesma ordem, agora robotizados e produzidos por algum processo estranho e sintético, alheio ao processo natural de continuação da espécie, não conhecem o amor, nem o nascimento, nem a maternidade. </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">[...] </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">É incrível como na minha cabeça o desenrolar dos fatos e das emoções está cada vez mais claro, nítido, e é cada vez mais surreal a ideia de conseguir escrevê-lo. </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">[...] </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Os flashes não me permitem dormir. O cansaço é infinito, as dores no corpo também são. Meus músculos que aos pouco se recuperam dos últimos dois dias sem dormir, juntamente com o cansaço provocado pelos momentos de tortura no hospital, meus músculos doem, doem tanto que parece que jamais vão sarar. Mas o que me dói mesmo é um canto do meu ser que não sei onde fica, não sei o que é. Sinto apenas uma sensação de vazio na existência. Uma espécie de “rombo” no meu existir, no meu ser, e que me anula por completo, me derruba como nem os meus torturadores conseguiram durante aquelas três horas e meia na sala de parto do Hospital Papi. Penso que o abate moral é um limiar entre eu me suicidar e continuar existindo, me rastejando. Fui abatida? Será que morri? Mataram-me e continuei viva, <b>pelo meu filho que precisava ouvir as batidas do meu coração e foi arrancado </b></span><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">violentamente de mim pelas mãos de quem desdenhava de um animal ferido cujo sangue </span></b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">jorrava aos montes, preso a uma mesa da qual não podia sair, pois estavam-lhe arrancando o </span></b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">resto de parto, de vida, que havia nela, sua placenta, tracionada e arrancada brutalmente </span></b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">pelas mãos do obstetra que me atendeu na urgência do hospital</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. Foi um verdadeiro espetáculo para quem assistiu. Pena que não foi ficção, e alguém ali estava sendo humilhada, moralmente assassinada, fisicamente mutilada, destroçada. Se me mataram, fui então um cadáver vilipendiado. </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">[...] </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Finalmente, exatamente dez dias após o nascimento do meu filhote, estou cá, sentada de frente ao computador, decidida a relatar o que me aconteceu. Foram dez dias de repouso e fortalecimento, mesmo com todas as críticas, com todos os comentários atrozes e as reportagens na mídia me deplorando. Fui chamada de louca, psicopata, disseram que deveriam tirar meu filho de mim (e então ter-me-iam arrancado tudo que restava, e de mim nada mais haveria além de um bolo de carne com um coração pulsante, quando então já não haveria mais o limiar do abate moral, eu já estaria morta). Foram dez dias também de intensificação de todo o sofrimento que me açoita, pois agora eu tenho de lidar com inúmeros telefonemas, mensagens, pessoas perguntando umas às outras se o absurdo da mulher que teria comido placenta, agredido médico e corrido nua por aí tinha sido eu. Infelizmente não comi minha placenta, ainda, pois ainda não tive coragem para encará-la, pegar nela, senti-la, tão cheia de mim, da minha cria, e das emoções que vivenciamos durante nove meses, e nos últimos momentos do meu bebê dentro de mim. Infelizmente também não corri nua, precisei perder alguns minutos me vestindo com roupas sujas e ensanguentadas, <b>pois até panos limpos me foram negados</b>. Pensando bem, eu estava com muito frio, a hemorragia incontida me enfraquecia cada vez mais, acho que foi instintivo parar para me aquecer com aquelas roupas, ainda que sujas e ensanguentadas, aliás, sangue não faria diferença, <b>pois depois que levaram meu filho de mim injustificadamente e manifestamente contra minha vontade para o berçário para lavá-lo com sabão, tirar o vernix protetivo e embrulha-lo com fraldas descartáveis e </b><b>aquecê-lo artificialmente, desdenhando de meu clamor para tê-lo em meus braços, depois </b><b>disso eu devo ter lavado com meu sangue o rol da frente do berçário</b>. Perdoe-me quem estiver lendo, os fatos vão e vem, não sei se consigo seguir uma ordem cronológica muito precisa. E por fim, infelizmente <b>não agredi o obstetra</b>. E sequer posso mencionar publicamente o que se passa na minha mente, nesse sentido, por dois motivos: primeiro, eu seria processada, julgada e condenada muito facilmente por algum tipo penal como ameaça, por exemplo. O judiciário não tem pena de foder com quem já está fodido. Segundo, não tenho energias para gastar com isso, preciso me concentrar no meu filhote, que precisa de mim. <b>Se minhas tentativas de afirmar minha autonomia e meu direito de escolha que foram sistematicamente tolhidos e aniquilados durante todo o meu atendimento naquele dia 02 de julho de 2014, se foram agressões, talvez eu o tenha agredido. E ainda assim digo isso em tom de ironia. Imagino que se as minhas tentativas de sobreviver ao massacre foram agressões, o que foi o massacre que </b><b>me ocorreu naquela sala de parto?</b> Será que um médico famoso de Natal, professor da universidade federal do RN, conhecedor de muitos juízes, promotores, respaldado pelo corporativismo médico, judiciário e elitista da região, será que ele seria sequer processado? Ou algum juiz amigo dele sentaria em cima do processo, ou mesmo enterraria o processo no quintal de casa? <b>O que me resta é escrever um relato. É o substrato da violência patriarcal, machista, corporativista e medicalocêntrica que nos encarcera nesse projeto de civilidade que se nos impõe, rouba de nós mulheres a autonomia, a força, o parto, o nascimento e a maternidade. Uma mulher que pari e sabe a força animal que tem em si é uma grande ameaça a esse sistema, não é mesmo? </b></span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">[...] </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Cheguei no hospital por volta das 20h30... Eu estava a mais de 36 horas em trabalho de parto ativo, bolsa íntegra. Quando subi para o atendimento, ouvi um velho grosseiro me gritando: “<b>Por que não fez pré-natal??</b>”. Eu respondi: "<b>Primeiro, eu fiz pré-natal, mas não trouxe nada comigo, e segundo, o senhor não precisa falar assim comigo, viu?</b>". Ele respondeu que estava falando em tom normal, que não tinha nada a ver, e saiu sorrindo. Eu havia feito todos os exames de sangue, ultrassons, inclusive no dia 01 de julho eu havia feito uma ultra cujo diagnóstico foi excelente, meu líquido estava bom, o bebê encaixado, saudável, maduro. Quando meu pai chegou na sala de atendimento o obstetra foi logo dizendo que não ia me atender, que se precisasse fazer alguma coisa ele não ia fazer, porque estava sozinho, e assim, manifestamente e na presença de todos que comigo estavam,<b>me violentou pela primeira vez, negando-me atendimento</b>. Pedi a meu pai que fossemos embora, pois a coisa não ia funcionar daquele jeito. Mas ele não concordou, estava muito apreensivo, e cansado. Resolvi ficar. Não sabia que estava naquele momento assinando minha sentença de morte. Eu tinha ouvido que </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">eu iria pro quarto. Pensei: tudo bem, eu vou parir no quarto, deve estar pertinho e eu só preciso de um quarto. <b>Mas não tinha leito no Papi, e não me encaminharam para outro hospital</b>. Eu deveria ficar ali mesmo, esperando. Foi então quando o doutor resolveu me examinar. <b>Essa violência foi um pouco mais dolorosa. Ele fez um toque, rompeu minha membrana, gritei de dor</b>. Sua mão saiu de dentro de mim lavada com meu sangue e um pouco da minha integridade, que aos poucos ele terminaria de arrancar de mim nas três horas e meia seguintes. Pedi para ficar nua, e me foi dito que eu não poderia ficar nua, <b>pois naquele hospital eu deveria seguir os protocolos</b>. Consegui ficar apenas com a bata cobrindo-me os peitos. Aceitei a analgesia. Não sabia eu que ali estava o ápice da dominação do meu ser, pois sem sentir as pernas eu não poderia me defender, sair andando, correndo, não poderia mais fugir do massacre, eu me tornaria um animal indefeso. Foram chamar o anestesista. Entre uma </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">contração e outra, que já estavam vindo de minuto em minuto e cada vez mais forte, gritei: </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">"Cadê o filha da puta do anestesista?". No meu tempo ele já estava demorando muito, eu já estava desesperada, e aquilo era meu grito de socorro. Então, ironizando e debochando de mim, o doutor gritou: "Chamem aí o filha da puta do anestesista!". A cada segundo que se passava eu percebia mais o quanto aquilo estava fadado a não dar certo, o cara era um estúpido, e não economizava seus deboches e suas grosserias. Quando ele chegou fui para a sala de parto, onde estava a mesa de parto, o aparato onde eu estaria sendo torturada pelas próximas três horas e meia. Devia ter cerca de um metro de comprimento, por uns 70cm de largura. Imagino que se eu fosse mais larga eu teria me espremido entre os ferros. O anestesista me disse para sentar com os ombros curvados, pedi então que ele aproveitasse </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">entre uma contração e outra, pois eu não conseguiria ficar parada naquela posição durante uma contração. Eu pedia para ele ir logo, <b>mas ele estava muito ocupado falando ao celular</b>. </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Depois disso eu tive que deitar em posição de exame ginecológico, a posição da dominação. Eu </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">estava completamente dominada. Perguntei se poderia ficar em outra posição, de quatro, por </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">exemplo, ou de lado, pois me aliviava a dor, e isso me foi de pronto rebatido com “<b>NÃO</b>” por </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">todos os lados. Eu deveria ficar quieta, segurando em dois ferrinhos que tem do lado das </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">pernas na cadeira de parto. Eu não podia sequer por as mãos nas minhas pernas, aliás, minhas </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">tentativas foram todas frustradas, eu teria repetidamente minhas mãos encaminhadas de volta aos ferros da cadeira. Estavam comigo meu pai e Daniel, um amigo clínico geral que havia </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">ido conosco ao hospital. Me diziam para fazer força, </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">empurravam minha barriga</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">, eu fazia força </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">até sentir que ia vomitar. A orientação era essa:</span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">quando você achar que não vai aguentar e vai </b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">vomitar, pare</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">O anestesista pressionava meu estômago com seu polegar, era fatal</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. Vomitei </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">não sei nem quantas vezes, após cada contração, após ter meu estômago pressionado </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">repetidamente. Eu não tinha vomitado ainda, antes de ir pro hospital. Vomitei deitada, quase </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">morri engasgada com meu próprio vômito e ninguém sequer me ajudava a me limpar. </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Até meu </b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">pai e Daniel cederam às ordens autoritárias do obstetra e empurraram minha barriga</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. Segundo </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">o anestesista, todos deveriam obedecer ao obstetra, pois ele era professor de todos. </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Eu sofria </b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">com a dor dos empurrões e da mão do obstetra dentro da minha vagina. Me senti estuprada.</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;"> </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Diziam que era assim mesmo, e que se eu não me concentrasse ia matar meu bebê, que </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">daquele jeito estava difícil, que eu não ia conseguir. Ouvi isso repetidamente durante as três </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">horas e meia em que estive lá. Lembro que eu mantinha em mente sempre que eu não </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">poderia apagar, então controlava a força até um pouco antes do meu limite, com medo de ficar inconsciente e do que poderia vir a me acontecer. Eu estava apavorada, e disposta a tudo </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">para parir meu filho. Eu não iria pra faca, de modo algum eu me submeteria a uma cesárea, </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">ainda com toda aquela oferta. </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Vi gente entrando e deixando bolsa pessoal na sala de parto, </b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">com celular tocando, vi gente entrando com walk-talking ligado</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. Eu reclamava que tinha muita </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">gente e muito barulho, e que as pessoas não estavam me ajudando. </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">A pediatra, Lívia, disse que </b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">aquele parto era uma loucura, que eu era louca, e que tinha que ter aquela equipe toda lá </span></b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">dentro, disse que eu não era ninguém para discutir a necessidade ou não de todas aquelas </span></b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">pessoas ali</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. Na verdade não entendo porque era tão necessário, pois estavam todos (à exceção </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">do obstetra que me violentava com suas mãos carniceiras e o anestesista que insistia em </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">empurrar minha barriga) apenas observando, gritando comigo, conversando entre si e fazendo </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">da minha vagina aberta e exposta um souvenir de apreciação. </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Eu implorava, aos prantos, para </b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">o obstetra tirar as mãos de dentro de mim, pois ele estava me machucando, me invadindo, e </span></b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">ele repetidamente se negou a me atender, disse-me que se eu tivesse procurado um </span></b><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">ginecologista eu não estaria ali atrapalhando a vida dele, disse-me que não estava ali para </span></b><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">prestar serviço algum para mim, e que minha vida pouco lhe importava, ele só se importava </span></b><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;"><b>com o bebê</b>. Quando o bebê nasceu eu percebi que na verdade nem com ele o cara estava </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">preocupado. Ele queria, assim como toda aquela equipe estúpida, que aquilo acabasse logo. Eu </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">chorava, olhava pro meu pai e pedia ajuda, dizia que estava foda pra mim, e ele então pedia ao </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">médico que calasse a boca, pedia a tal da Lívia que se calasse também. Eu disse que não queria </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">que cortassem o cordão umbilical do meu filho, e o obstetra perguntou com base em quê eu </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">dizia aquilo. Respondi que tudo que eu queria estava no meu </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">plano de parto</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">, que estava lá, </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">que ele deveria ver, </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">e que eu dizia aquilo com base na minha autonomia e no meu direito de </b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">escolha</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. Ele respondeu sagazmente </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">que não aceitava plano de parto, e que nunca tinha ouvido </b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">falar naquelas coisas não, que lá aquilo não existia</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">A pediatra Lívia então começou a gritar </b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">comigo dizendo que tinha que examinar o bebê, medir, pesar, fazer testes, levar pro berçário, </span></b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">e eu disse que não deixava, ela me gritando e chamando de louca disse que eu não tinha </span></b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">autoridade pra decidir nada sobre o meu filho, eu respondi que o filho era meu e que ninguém </span></b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">o tiraria de mim</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. Tudo isso entre uma contração e outra. Às vezes a contração passava </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">enquanto eu tentava me defender de toda aquela escoriação moral. Pedi então ao meu pai </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">para que me ajudasse pois eu precisava me focar no trabalho de parto, meu filho estava </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">prestes a nascer. Ele pediu a ela que colaborasse, que não tinha pra que discutir aquelas coisas </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">comigo naquele momento. Ela respondeu que não se calaria, que tinha que falar e que eu </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">tinha que ouvir mesmo. É incrível como eu me impressiono quando lembro do horror que vivi </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">naquela sala. Lembro que quando o doutor fez o toque eu estava com 8 cm de dilatação, ainda </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">não tinha começado o expulsivo. Pouquíssimo tempo depois minha tortura começara, e desde a primeira contração o médico dizia: na próxima ele sai, faça força que ele vai sair, </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">ô Márcio, </b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">empurra aí a barriga dela</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. Dizia: olhe, eu sou muito bom em fórceps, pena que meu </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">equipamento não está aqui. Eu reclamava que ele estava me machucando, que tava doendo, </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">e ele dizia: </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">se você quisesse um parto sem dor faria uma cesárea, quer? Você não quer uma </b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">cesárea, ta vendo? Ta reclamando de que?</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;"> Eu reclamava da luz, do barulho e ele respondia:</span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;"> eu </b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">já fiz parto humanizado, com baixa luminosidade, poucas pessoas na sala, mas aqui eu não </span></b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">tenho tempo pra isso não</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. Foi um horror ouvir aquilo, até eu queria que acabasse logo, mas eu </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">não ia pra faca, e eu não ia ter meu corpo condicionado a uma ocitocina sintética. Eu estava </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">disposta a parir meu bebê, a qualquer custo, ainda que me estivesse custando a integridade </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">moral e física. No finalzinho do processo a bolsa rompeu. O médico ouviu o coração do bebê, estava 130 bpm. O líquido estava límpido. </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Mas eu ouvia que o bebê estava em sofrimento. </b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Imagino que presenciando toda aquela tortura, todo aquele tratamento desumano e </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">degradante, meu bebê realmente estivesse sofrendo, </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">mas em sofrimento fetal ele não estava</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Eu sabia que estava tudo bem com ele. Eis que então o líquido começou a se apresentar </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">meconioso, mas de toda forma, para que se comprovasse o sofrimento fetal ele deveria ao </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">menos ouvir novamente o coração do bebê, mas quando indagado sobre tal, o obstetra </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">respondeu que não iria mais ouvir, já tinha ouvido uma vez (antes da rutura da bolsa). Quando </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">o líquido mudou de cor toda a pressão psicológica se intensificou. E então, </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">coagida a aceitar, </b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">sob pena de “matar meu bebê”</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">, cedi a uma </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">episiotomia</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">, que segundo o médico </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">seria só um </b><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;"><b>cortezinho pequenininho</b>. Meu pai disse que <b>ele cortou com a tesoura e terminou de rasgar </b></span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;"><b>com a mão</b>. Há uns dois dias tive coragem de me ver, <b>e descobri uma episiotomia que me </b></span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">rasgou até o anus</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">, e que me dói para sentar, para andar, dói muito na hora de ir no banheiro, </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">mas a dor maior que eu sinto é na alma. Nem sei se um dia vou ter coragem de abrir as pernas </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">de novo. </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;"><br /></span><span style="line-height: 20.591999053955078px;"></span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Meu bebê então nasceu, veio para o meu colo, todo lindo, roxinho, cheio de mecônio, </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">respirando bem e chorando bravamente!!!! Viva! Eu havia conseguido!!! Eu e ele havíamos </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">conseguido! Nosso pesadelo acabaria! Enquanto eu tentava dizer a todo mundo que ele tava </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">bem, tava respirando, tava chorando, e que precisava ficar comigo. Disseram o obstetra e a </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">pediatra que tinham de cortar o cordão senão o sangue voltaria e o bebê perderia sangue. </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Meu pai então recebeu das mãos do obstetra uma tesoura e cortou o cordão. Enquanto isso a </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">pediatra Lívia estribuchava </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">querendo arrancá-lo de mim</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">, pois precisava examiná-lo, ver o que </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">era aquela bossa na cabeça dele (</span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">por certo ela não sabe nada de parto normal, de bebês que </b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">de fato nascem, em vez de serem arrancados de suas mãos pela barriga, por certo ela não sabe </span></b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">que bossa é comum e não é problema algum, por certo ela também não sabe que não precisa </span></b><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">aspirar o bebê, mesmo com presença de mecônio, desde que o bebê esteja respirando bem, e </span></b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">mais certo ainda que ela não sabe do meu direito de decidir sobre isso</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">). Mas ninguém me </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">ouviu. Sob tal terror dessa médica inescrupulosa, meu pai me olhou e disse: "Entregue o bebê </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">senão eu vou embora". Daniel, com cara de apavorado, corroborou a fala do meu pai. Nessa </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">hora tive medo de ficar sozinha e ser por fim trucidada e aniquilada, e aos prantos entreguei </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">meu bebê para que fosse examinado na sala de parto. </span><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Pegaram ele que nem uma trouxa de </b><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;"><b>panos e o aspiraram.</b> De nada adiantou o pacto com meu pai, pois ele ainda assim se foi. Saiu </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">para buscar um pote para a placenta. <b>Nessa hora olhei e vi o obstetra puxando minha </b></span><b style="line-height: 20.591999053955078px;"><span style="color: #990000;">placenta, o anestesista preparando uma injeção anti-hemorrágica e uma pessoa de bata azul </span></b><b style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">cinicamente levando meu bebê para o berçário enquanto eu gritava para ele não ir</b><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">. Desde o primeiro momento eu havia confiado a Daniel a tarefa de não deixar levá-lo, mas ele também </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">cedeu. Essa talvez seja a parte que mais me dói. </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Quando minha placenta saiu eu gritei: "A placenta é minha!". O médico ia jogá-la no lixo. Ele ainda ironizou querendo me apresentar à minha placenta, mas nessa hora eu só pensava em ir buscar meu filho. Pedi panos limpos, e me negaram. Pedi uma escada para descer da mesa. Negaram-me. O anestesista olhou pra mim e disse: "Mas você não pode andar, não sente suas pernas". Bati com força na minha panturrilha, dei vários tapas, com força, queria sentir o sangue circular, bati nas pernas </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">dizendo que podia sim andar, e que se não me dessem uma escada eu ia pular dali, sangrando </span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">como estava, jorrando sangue. </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;"><br /></span><span style="line-height: 20.591999053955078px;"></span><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Eu era um animal ferido, mutilado, ensanguentado, que teve sua cria tomada. Eu estava transtornada. Queria sair dali e me recolher, eu precisava me proteger, eu iria morrer sangrando ali, ninguém me daria meu filho para que ele pudesse mamar e estancar a hemorragia. Tentaram me impedir de sair da sala de parto, pois eu estava nua. Foi então que me deram meus trapos sujos de sangue, vesti ali no corredor mesmo, e fiquei gritando na frente do berçário, de portas trancadas, gritando que queria meu filho comigo. Foi o ápice do espetáculo. Um ser abatido, lutando para ter sua cria de volta, e uma plateia imensa e inerte assistindo, me dizendo para tomar banho, me limpar, e então eu poderia ver meu filho, pois eu estava desequilibrada e <b>ele não era propriedade minha</b>. Eu não vou nem mencionar o quanto eu queria exterminar cada uma daquelas pessoas que se interpunham entre mim e meu filho, mas eu estava muito fraca, perdendo muito sangue. </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Foi então que meu pai, que havia saído, voltou e me ouviu gritando, desesperada. Quando ele chegou à porta do berçário gritou dizendo que queria o bebê, e como resposta teve apenas o desdém de todos. Foi preciso ele ameaçar arrombar a porta para que resolvessem sensatamente entregar meu filho (a ele). Finalmente pude ter meu filho nos braços. </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">O que me foi arrancado jamais terei de volta. </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Foi o dia mais pavoroso da minha vida. </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Espero um dia poder fechar os olhos para dormir em paz, sem que os ecos dessa tortura me atormentem. </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">[...] </span><br style="line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; line-height: 20.591999053955078px;">Não consigo mais remoer os fatos, escrever esse relato me trouxe à exaustão".</span></span></i><br style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 20.591999053955078px;" /><span style="color: #990000; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 20.591999053955078px;"><br /></span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 20.591999053955078px;"></span><span style="color: #990000; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 20.591999053955078px;">Via: Cientista que virou mãe</span></h3>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6765467437396700734.post-89525065275237226202014-06-13T14:31:00.001-07:002014-06-13T14:31:20.043-07:00Advogados Ativistas e Observadores Legais registram o primeiro dia da ‘Copa do Caos’<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
Passado um ano quase exato das manifestações de <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">junho de 2013</span>, mais uma vez, mas com qualidade inédita, a sociedade civil organizada se articulou no combate à <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">repressão policial</span>. Tal esforço viu-se representado por advogados, observadores legais, socorristas e todos aqueles atores ligados às questões da legitimidade do <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">direito de reunião e expressão</span>, bem como dos demais pilares que devem sustentar o Estado Democrático de Direito. Imbuído desse mesmo espírito, e no intuito de apoiar o coletivo <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Advogados Ativistas</span> (formado por advogados atuantes nas ruas, em defesa dos manifestantes), surge o grupo <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Observadores Legais</span> – especificamente voltado para observar, relatar e produzir dados sobre os agentes de segurança envolvidos nas manifestações por ocasião da Copa do Mundo no Brasil e mesmo em outras ocasiões, após o torneio. A exemplo do que já acontece no mundo todo, esses dados precisam ser levantados com a finalidade de serem ventilados como fontes seguras de dados qualitativos e quantitativos imprescindíveis como fonte ou referência segura para: 1)<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"> imprensa nacional e internacional</span>; 2) <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">órgãos nacionais e internacionais de direitos humanos</span> e 3) <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">formação de provas para instrumentação processual na Justiça</span>. É sob essa ótica (das ruas) que abordaremos, a seguir, o primeiro dia – de abertura – da Copa do Mundo 2014.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
<a href="http://advogadosativistas.com/wp-content/uploads/2014/06/Observador-legal-3-onibus.png" style="-webkit-transition: all 0.1s ease-in-out; box-sizing: border-box; color: #357fb1; text-decoration: none; transition: all 0.1s ease-in-out;"><img alt="Observador legal 3 onibus" class="alignleft wp-image-2308" height="182" src="http://advogadosativistas.com/wp-content/uploads/2014/06/Observador-legal-3-onibus.png" style="border: 0px; box-sizing: border-box; float: left; height: auto; margin: 0px 2.4rem 1.6rem 0px; max-width: 100%; text-align: left;" width="320" /></a>O dia iniciou-se em <span style="box-sizing: border-box; color: #00ccff;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">São Paulo</span> </span>com o sítio à cidade, exercido pelas forças de segurança pública empregadas pela Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e Exército, entre outros agentes de segurança. Das 9h30 até o fim do dia os <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">quarenta integrantes</span> dos Observadores Legais observaram, relataram e compilaram os seguintes dados sobre a atuação policial:</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· Segundo atendimento realizados pelo grupo de socorristas, <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">GAPP</span>, durante o dia foram realizados ao menos <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">37 socorros</span> a manifestantes, decorrentes de diversos tipos de lesões, como ferimentos por estilhaços de bombas, balas de borracha, asfixia por gás lacrimogênio e mecânica decorrentes de esganadura, bem como de reiterados golpes de cacetetes.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
Foram realizadas ao menos <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">47 detenções</span>, sendo que diversas prisões sequer eram informadas aos advogados, ou permitido o acompanhamento visual da atuação policial.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· bloqueio de vias e interdição de ao menos parte do transporte público, com a finalidade de comprometer a mobilidade dos manifestantes e, desta forma, sua tendência de deslocamento em direção ao perímetro de exclusão imposto pela FIFA – organizador da Copa;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· revistas pessoais realizadas por policiais em transeuntes, <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">sem qualquer fundamentação legal</span>;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
policiais trajados com farda <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">sem tarjeta de identificação</span> funcional ou identificação alfanumérica de 10 dígitos, ou ainda de modo a não evidenciar qualquer tipo de identificação;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
<a href="http://advogadosativistas.com/wp-content/uploads/2014/06/Observador-legal-4-loco.png" style="-webkit-transition: all 0.1s ease-in-out; box-sizing: border-box; color: #357fb1; text-decoration: none; transition: all 0.1s ease-in-out;"><img alt="Observador legal 4 loco" class=" wp-image-2309 alignright" height="183" src="http://advogadosativistas.com/wp-content/uploads/2014/06/Observador-legal-4-loco.png" style="border: 0px; box-sizing: border-box; float: right; height: auto; margin: 0px 0px 2.4rem 1.6rem; max-width: 100%; text-align: right;" width="320" /></a></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· policiais portando armas de fogo (inclusive de grosso calibre como <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">metralhadoras</span> e escopetas 12mm) durante contenção e operações antidistúrbio;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">civis atingidos</span> por estilhaços de bombas, balas de borracha, golpes de cacetete e socos;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">intimidação</span> e constrangimento ilegal contra manifestantes por meio de gritos e gestos ameaçadores;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· impedimento de atuação dos advogados durante o acompanhamento de revistas pessoais, bem como no registro de material probatório, quando das agressões ou<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">abusos de autoridade</span>;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· impedimento, com <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">violência deliberada</span>, de atuação dos jornalistas no exercício da profissão, tendo sido tomados como alvo por reiteradas vezes pelas forças de segurança;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· impedimento da atuação dos Observadores Legais na coleta de material estatístico e probatório durante a manifestação, por meios <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">ostensivamente</span> impeditivos;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· seguranças do <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">serviço privado</span> do metrô realizando revistas pessoais nos usuários, de modo totalmente ilegal;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· prisões ilegais infundadas, justificadas como sendo para averiguação – instrumento, aliás, inexistente no ordenamento jurídico brasileiro. No ano em que se completa o cinquentenário da <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">ditadura militar</span> no Brasil (1964-1985), é no mínimo irônica a utilização de um expediente tão característico período ditatorial.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· tiros de armamento balístico menos letal e elastômero (bala de borracha), feitos <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">acima da linha da cintura</span> – como indicam os orifícios feitos a bala nos para-brisas de veículos, a cerca de 1,5m do solo.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· veículos atingidos no seu <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">interior</span> por bombas de gás-lacrimogênio.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· policiais militares e supostos policiais civis (não fardados), em duas ocorrências distintas, com <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">agressão e rapto</span> de manifestantes, introduzindo-os a força em <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">veículos descaracterizados</span>, não oficiais. Sem direito de registro do nome do condutor, evadindo-se os veículos para <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">local desconhecido</span>, perante a população que registrava as ocorrências em vídeo e foto, em plena luz do dia.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· depois de registrar cenas de espancamentos perpetrados por policiais militares, um manifestante, por eles <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">perseguido</span>, refugiou-se em residência próxima àquela ocorrência, obtendo guarida dos proprietários da casa. Somente depois de aproximadamente <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">uma hora de refúgio</span> – com a Polícia Militar todo o tempo à frente do imóvel – foi possível a retirada do manifestante perseguido, em segurança, na companhia de representantes dos Advogados Ativistas e Observadores Legais;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
<a href="http://advogadosativistas.com/wp-content/uploads/2014/06/Observador-legal-2-gordinho.png" style="-webkit-transition: all 0.1s ease-in-out; box-sizing: border-box; color: #357fb1; text-decoration: none; transition: all 0.1s ease-in-out;"><img alt="Observador legal 2 gordinho" class=" wp-image-2305 alignleft" height="183" src="http://advogadosativistas.com/wp-content/uploads/2014/06/Observador-legal-2-gordinho.png" style="border: 0px; box-sizing: border-box; float: left; height: auto; margin: 0px 2.4rem 1.6rem 0px; max-width: 100%; text-align: left;" width="320" /></a>· utilização de bombas e armas de fogo em um <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">posto de gasolina</span>;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· utilização de bombas com data de vencimento <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">raspadas</span>;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· acusações de crimes infundadas aos manifestantes, com diversas tentativas de<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">flagrantes forjados</span>;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· agressão deliberada de policiais militares a uma<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">criança</span> de nove anos de idade e seu cão, sem motivação;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">agressão</span> reiterada a equipes de socorristas que insistiam na prestação do socorro às vítimas dos próprios agentes de segurança;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
· tentativa, por parte dos policiais militares, de esvaziamento de uma estação do metrô, obrigando os usuários a saírem rapidamente da estação <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">sob tiros e golpes de cacetete</span>.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
Por fim, uma última abordagem nos parece pertinente quanto aos agravos sofridos pelos diversos indivíduos envolvidos na resistência às forças policiais:</div>
<h2 style="background-color: white; box-sizing: border-box; font-family: Raleway, sans-serif; line-height: 1.2; margin: 0px 0px 1.6rem; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">ADVOGADOS</span></h2>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- advogada atingida por bomba de gás lacrimogênio, antes mesmo do início da manifestação, lançada com o intuito de dispersar um grupo reduzido, de aproximadamente <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">20 pessoas</span>;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- advogado no exercício da profissão, tolhido brutalmente, prensado contra viatura policial, <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">jogado ao chão</span> e, desta forma, levado ao estado de semiconsciência;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- advogado, no exercício da profissão, alvejado por bomba de gás lacrimogênio, a qual terminou por prender-se entre sua mochila e o próprio corpo, resultando em <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">asfixia</span> e <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">queimadura</span>. O mesmo advogado ainda foi atingido na face por <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">soco</span> desferido por policial militar em outra ocasião;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- atendendo a solicitação de uma equipe de observadores legais que estavam sofrendo a apreensão dos equipamentos, relatórios e câmeras, um advogado, no exercício da profissão, teve o seu <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">documento apreendido</span>para verificação de antecedentes criminais, colocando-o em situação de <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">averiguado</span>.</div>
<h2 style="background-color: white; box-sizing: border-box; font-family: Raleway, sans-serif; line-height: 1.2; margin: 0px 0px 1.6rem; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">OBSERVADORES LEGAIS</span></h2>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">tentativa de apreensão</span>, por parte da Policia Militar, de conteúdo apurado ao longo do dia, em relatórios e câmeras, pelos Observadores Legais;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- mesmo que comunicados previamente em suas intenções às autoridades policiais e governamentais, os Observadores Legais sofreram diversas<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"> revistas pessoais</span> sem fundada suspeita – como é exigido por lei, denotando<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">perseguição</span> a si enquanto registravam conduta policial;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- um Observador Legal foi <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">ameaçado de morte</span> por policial militar sem identificação;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- a quase<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"> totalidade</span> dos Observadores Legais foi intimidada por policiais militares no exercício da função;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- uma <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">observadora legal</span>, com atuação internacional em Direitos Humanos, teve a perna atingida por diversos estilhaços de bomba detonada a poucos centímetros do seu corpo e dos demais observadores do grupo;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- um observador legal foi <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">truculentamente</span> impedido por diversos policiais de realizar acompanhamento de abordagem policial, tendo a roupa rasgada e o pescoço ferido.</div>
<h2 style="background-color: white; box-sizing: border-box; font-family: Raleway, sans-serif; line-height: 1.2; margin: 0px 0px 1.6rem; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">SOCORRISTAS</span></h2>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- impedimento da atuação dos socorristas, importando na <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">negação absoluta</span> ao socorro e ferindo, dessa forma, todas as recomendações da OMS no que diz respeito à humanização em saúde, particularmente no que respeita o atendimento pré-hospitalar;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">agressão</span> reiterada a equipes de socorristas que insistiam na prestação do socorro às vítimas dos agentes de segurança;</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">alvejadas</span> por balas de borracha (à cerca de dez metros e acima da linha da cintura), socorristas foram impedidas de prestar socorro a um profissional da imprensa atingido por estilhaço de artefato do arsenal da Polícia Militar.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- socorristas sofreram três revistas infundadas pela Polícia Militar no trajeto de <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">dois quarteirões</span>.</div>
<h2 style="background-color: white; box-sizing: border-box; font-family: Raleway, sans-serif; line-height: 1.2; margin: 0px 0px 1.6rem; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">IMPRENSA</span></h2>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
Jornalistas acabaram por ver-se tão <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">acuados</span> quanto os demais atores da manifestação, na medida em que estes os buscavam como um possível “porto seguro”, independentemente do tipo ou nacionalidade dos profissionais envolvidos. Por exemplo:</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
– CNN</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- Associated Press</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- TV Aasahi</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- NPR</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- FA Press</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- Sigma Press</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
- SBT</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: Raleway, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 26px; margin-bottom: 2.6rem; padding: 0px; text-align: justify;">
Via: Advogados Ativistas </div>
Adilson Rodrigohttp://www.blogger.com/profile/13188938531736055559noreply@blogger.com0